A gaúcha Dani Remião, estudante de Artes Plásticas e Doutoranda em Computação, aliou a tecnologia à arte e se especializou no tratamento de fotos com o auxílio de técnicas digitais que permitem dar um toque especial às imagens fotografadas. Em 2007 lançou o clicAMAZONIA, um site de fotos sensuais feitas na Amazônia, movida pela vontade de mostrar a beleza de pessoas que vivem na região aliada a beleza dos recursos naturais da floresta.
AG - Antes de mais nada, como surgiu a fotografia na vida da arquiteta Dani Remião?
Dani - Na verdade nunca conclui o curso de Arquitetura. Iniciei no mesmo ano o curso de Arquitetura na UFRGS e o de Informática na PUCRS, e por um tempo levei os dois em paralelo. O curso de Arquitetura, que era realmente o que eu queria fazer, foi ficando pra trás pelo conflito de horários e pelas greves da universidade. Até que chegou um momento em que eu tive que trancar o curso para concluir os últimos semestres da Informática, que exigiam maior tempo e dedicação. Minha intenção era retornar a Arquitetura, mas depois de formada em Informática, comecei a trabalhar, veio o Mestrado em Computação e foi difícil administrar o tempo. Mais tarde iniciei também o curso de Artes Plásticas mas também não o conclui pelo mesmo motivo. A fotografia entrou na minha vida desde o primeiro semestre da faculdade de Arquitetura. Tínhamos as disciplinas de Fotografia I e II, onde adquiri meus primeiros conhecimentos técnicos da área. Fiquei simplesmente apaixonada e desde então a fotografia fez parte da minha vida como uma atividade que me aliviava do estresse da área da computação e me permitia ficar mais em contato com a arte e a criatividade. Fiz vários cursos específicos de fotografia com profissionais reconhecidos e acredito também que a prática me acrescentou uma experiência necessária e que faz todo o diferencial. Ë difícil definir o momento em que passamos a ser profissionais numa atividade que iniciamos de forma amadora. No caso da Fotografia, há quem diga que é pelo número de fotografias feitas, o que hoje pela facilidade da era digital fica difícil continuar a dizer essa afirmação. Eu acredito que é quando nosso trabalho passa a ser reconhecido de tal forma que as pessoas o solicitam. Quando vendi minha primeira foto entendi que tinha chegado a hora e passei a acreditar mais na minha capacidade profissional. Desde lá não parei mais! Levo ainda as duas atividades, Computação e Fotografia, em paralelo, mas hoje me dedico muito mais a Fotografia.
E em que momento decidiste morar no Rio de Janeiro? Acha isso importante para o sucesso da tua carreira ou acredita ser possível ter um trabalho consistente permanecendo no RS?
Sempre amei viajar. Saí de Porto Alegre em 2003 para morar no Amazonas a convite de trabalho na área da Computação. Minha motivação maior em cruzar o país, porém, foi o de conhecer e fotografar a Amazônia. Fiquei lá por alguns anos. Mas é difícil ficar muito tempo longe da família e tão longe assim. Eu já tinha ido para o Rio algumas vezes para fotografar no Fashion Rio, aí surgiu a oportunidade de fazer doutorado em Computação no Rio de Janeiro. Bom, juntei o útil ao agradável e fui pro Rio em março deste ano, assim posso hoje ficar um pouco mais perto da minha família, continuar meus estudos e a pesquisa em Computação (relacionados ao reconhecimento de emoções), além de estar numa cidade que respira moda, a área onde tenho mais fotografado nos últimos tempos. Atualmente viajo muito, vou mais vezes ao RS, volto a Amazônia freqüentemente e tenho viajado também para outras cidades dos estados do RJ e SP. O artista não tem de ir aonde o povo está? (risos) Pois então, onde solicitam meu trabalho e minha agenda permite lá estou eu para dar minha contribuição. Acho que hoje em dia, com a facilidade da Internet, fica mais fácil você estar onde estiver e divulgar seu trabalho e manter contatos. É mais a minha alma cigana que me faz não ficar parada num único lugar. Penso que conhecer outros lugares, pessoas, culturas, ampliam nossos horizontes e nos engrandecem como pessoas, e acredito que isso reflita também no resultado do nosso trabalho. E isso, independente da área em que atuamos.
Como surgiu a idéia do clicAmazônia?
Desde que fui para a Amazônia, sempre quis de alguma forma mostrar a todos o que eu via por lá. Quando comecei a fotografar moda na região, percebi que exista mais beleza a mostrar além da floresta. A escassez de trabalhos fotográficos profissionais e de qualidade na região me levaram a pensar em criar o clicAMAZÔNIA, um site de fotos sensuais que mostra a beleza das pessoas, não apenas as que nasceram na região mas de todas as que vivem lá, aliada a beleza natural da floresta amazônica. Esse projeto, além de me manter em contato constante com a natureza, me permite voltar a Amazônia para a continuidade do trabalho e assim não perder o contato com a terra e os amigos que ainda estão por lá. E ainda, com o acesso cada vez maior do site, divulgar o meu trabalho e os hotéis de selva onde faço as fotos, incentivando mais pessoas, de preferência os brasileiros, a irem conhecer a Amazônia.
Como aliar a sensualidade e a arte nesse tipo de trabalho?
Para fazer uma boa fotografia é essencial sentir emoção e ter a criatividade para procurar todos os melhores recursos técnicos para poder registrá-la. Como em qualquer forma de manifestação artística, o fotógrafo procura comunicar o que sente através de diferentes técnicas. O verdadeiro significado da arte fotográfica é expressar o sentimento do fotógrafo sobre as pessoas, a natureza e o mundo que o cerca. É o fotógrafo que seleciona o objeto a ser fotografado, o melhor ângulo, a composição da imagem e o conjunto de luzes que deverão ser fixados por sua máquina. Assim, as fotografias, enquanto expressão de arte, testemunham a postura e a personalidade artística do fotógrafo frente à vida, e não apenas o seu domínio e o seu conhecimento técnicos sobre fotografia. A sensualidade é, no caso das fotografias do clicAMAZÔNIA, o assunto selecionado para a expressão artística, o que pretendo captar através da minha visão pessoal, e que seja identificado e sentido pelos que observam o resultado do trabalho.
Dentro da fotografia, que tipo de trabalho você ainda gostaria de fazer?
Nossa, são tantos! Todo fotógrafo sonha em fotografar para a National Geographics! Na área da moda, fazer capa da Vogue, cobrir desfiles internacionais, e fotos para publicidade de grifes famosas. Mas o que eu gostaria mesmo de fazer a curto prazo era me organizar para mostrar meu trabalho em exposições fotográficas, mas com a falta de tempo sempre acabo deixando para depois. A publicação de um livro também está entre meus projetos.
Para terminar, por quem você gostaria de ser fotografada?
Nunca gostei de ser fotografada. Na verdade não gostava era de mim nas fotos que tiravam. Por isso, acho que a maior motivação que me fez começar a fotografar pessoas foi a satisfação de ver uma pessoa se olhar numa foto que fiz e se achar bonita. As minhas fotos que mais gosto são as que eu fiz de mim mesma numa brincadeira. Bom, não tenho nenhum nome específico, gostaria apenas de ser fotografada por quem me faça ficar bem na foto! (risos)
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