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Literatura

"Foi uma honraria que nunca tinha vislumbrado"
Marcelo Spalding


Professora, de que forma recebeste a indicação para o Prêmio Fato Literário?

Zilá Bernd: Foi uma notícia muito agradável e realmente surpreendente. Honraria que nunca tinha vislumbrado. Em uma cidade com tanta gente talentosa e criativa, a escolha de alguém da academia (em realidade dois da academia – o Fischer e eu - e até do mesmo Instituto) foi realmente inesperada. Recebi-a como uma honra e como uma forma de generoso reconhecimento a meu trabalho e de meu grupo de pesquisa, por parte dos membros da comissão de doutos que atua junto à equipe da ZH na organização do Fato Literário.

Conte-nos um pouco sobre seu trabalho, para quem não conhece.

Zilá Bernd: Minha formação é em Letras na UFRGS, onde obtive um diploma de Literatura brasileira e francesa. Depois ainda na UFRGS fiz um Mestrado em literatura Brasileira, e na USP, um doutorado em literaturas da francofonia em perspectiva comparada com a literatura fro-brasileira. Um pós-doutorado em literatura comparada em 1990, completou minha escolaridade…Iniciei minha vida profsisional na UFRGS, no setor de francês e caho que minha grande contribuição na área (e que me valeu o título de professor titular em 1995) tenha sido o fato de eu ter diversificado o enfoque do ensino do francês, que era inteiramente orientado em direção à literatura e à cultura francesas (de França), introduzindo a diversidade da francofonia do Quebec, que visitei em 1980 com uma bolsa do Governo do Quebec. Depois fiz estágio também nas Antilhas francesas. As visitas ao Quebec e ao Canadá se sucederam e animei de tal forma os estudos ditos canadenses que passei a ser presidente da Associação Brasileira de Estudos Canadenses (1999-2001) e posteriormente do Conselho Internacional de Estudos Canadenses com sede em Ottawa (2003-2005). Atualmente faço parte do comité de redação da revista Interfaces Brasil/Canadá. Revista da Abecan que criei em 2000 e que tem versão on line (www.revistabecan.com.br). Coordenei durante mais de 15 anos um acordo itner-unviersitário com a Université du Québec à Montréal que funciona até hoje e que já enviou cerca de 15 professores brasileiros a Montreal e recebeu em torno de 30 professores do Quebec que vêm ministrar cursos sobre essa jovem, porém instigante literatura.

A senhora atribui esta distinção ao maior envolvimento da Universidade com a sociedade?

Zilá Bernd: Penso que sim. Em geral são os ficcionistas e os poetas e não ensaístas e críticos que recebem esse tipo de premiação. Atribuí-la a um pesquisador e sobretudo a alguém que como eu tem um trabalho que se desenvolve em grande parte no exterior, onde tenho ministrado incansavelmente cursos de literatura brasileira em língua francesa, é algo mesmo digno de nota. Acho que pode ser lido dessa forma como estás apresentando : um reconheicmento do trabalho de ensino, pesquisa e orientação que se faz na Universidade e uma valorização do diálogo que conseguimos estabelecer com departamentos de letras de universidades da América Latina, da França e do Canadá.

Para a senhora, qual o papel dos cursos de Letras em geral e da literatura comparada em particular na sociedade contemporânea?

Zilá Bernd: Não partilho a visão apocalítica do fim das letras, da inutilidade de manter cursos de Letras. Embora bem consciente de que a literatura pode pouco, que ela é frágil de determinados pontos de vista, penso que o ensino da leitura em profundidade de textos literários que se oferece nos cursos de letras é um bem precioso, pois a literatura é o lugar onde se dá o encontro do leitor com o autor e onde esse leitor acompanha o trabalho do autor de interrogação do real. Assisti na semana passada em Montreal à palestra do escritor francês Le Clézio, ganhador do prêmio Nobel desse ano, e, através de suas palavras, entendi porque consagrei minha vida ao ensino da literatura : « A literatura, segundo o autor, é um meio de interrogar o real. Quais são nossas grandes questões ? a identidade, o amor, o sofrimento, a vida, a morte. » A leitura nos oportuniza o questionamento desses temas fundamentais prá vida. Portnato, a literatura é nossa salvação.…A literatura comparada tal como a pratico, no viés da interamericanidade, buscando entender as ressonâncias e as recorrências de sentido entre as Américas e o sentido de nossa americanidade, é essencial para construirmos um relacionamento duradouro entre as três Américas e para que possamos reinventar nossa americanidade.

A senhora foi uma das primeiras a criar um site para divulgar sua pesquisa acadêmica. Por que sentiste esta necessidade? De que forma a divulgação online ajudou na divulgação do trabalho?

Zilá Bernd: Antes desse site, ao mesmo tempo pessoal e de divulgação da pesquisa, que me ajudaste a construir, eu já havia organizado um outro www.ufrgs.br/cdrom onde divulguei os resultados da pesquisa 60 Textos fundadores do comparatismo literário interamericano. Já está no ar há uns 7 anos e continua a ser visitado. Sou encantada com essa possibilidade de estar dando aulas em Rennes, na Bretanha, ou em Montreal, no Canadá, e poder com um simples click mostrar a colegas e estudantes o trabalho ao qual dedicamos, meus colegas, doutorandos e mestrandos, 3 anos de trabalho. Essa mágica da modernidade que nos projeta no espaço cibernético é fascinante sobretudo prá quem é do tempo do mimeógrafo a álcool como eu… Disponibilizar dados de pesquisa em site é democratizar a cultura e contribuir para a diminuição dessa praga dos meios acadêmicos que é o xerox…Ao consultar a internet e imprimir algum texto, conforme o caso, não estamos cometendo o ilícito de xerocar livros ou parte deles, como ainda fazemos nas unviersidades. O trablaho de manter atualizado o site é amplamente compensado pelo diálogo que se estabelece entre pesquisadores de várias regiões.

Para terminar, o que a senhora diria sobre Vítor Ramil e Luis Augusto Fischer, que concorrem ao prêmio com a senhora?

Zilá Bernd: Diria que são uma parada duríssima : talentosos, polivalentes, bem humorados e bem mais conhecidos do grande público do que eu. Pessoas a quem admiro e de quem sou leitora. O Fischer foi inclusive meu orientando de doutorado, embora já fosse pesquisador com grande autonomia de vôo desde muito tempo. Considero que nós três já fomos premiados com a indicação, que nos dará muita visibilidade, como esta oportunidade rara que estás me proporcionando de tornar meu trabalho e da minha equipe mais conhecido. Enfim, na pior das hipóteses serei medalha de bronze, o que já é uma bela premiação.


29/10/2008

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