A cantora e compositora Monica Tomasi lança seu quarto CD, Quando os Versos me Visitam, "um disco em que o tÃtulo parece extraÃdo de alguma bênção poética enviada dos céus por Cartola e Cazuza, mas um trabalho autoral, sem ranços passadistas e com estilo", como diz a artista. Abaixo ela fala sobre o CD, a cena musical gaúcha e a música na internet.
Mônica, como você lida com quem distingue a música entre comercial e autoral? Você concorda com isso?
Toda a musica é autoral. A música comercial também é autoral só que aliada a um planejamento, então ela é “empacotada” para ser entregue num lugar determinado.
Por que a opção pelo trabalho autoral nesse projeto mais recente?
Quando os Versos me Visitam é um trabalho que foi sendo construindo em 2003, logo depois de lançar o CD Idéias Contemporâneas Sobre o Amor. Resulta do meu encontro com alguns letristas, escritores e poetas. Novas canções foram surgindo e quando percebi estava tudo ali na minha frente.
Esse tipo de trabalho é melhor visto por leis de incentivo?
Nunca compus para me enquadrar em projeto ou lei de incentivo e acho que os artistas que se moldam para esse fim tem um curto prazo de validade. No meu caso, procurei a produtora Cida Herok para formatar esse projeto pois sabia que ela tinha muita experiência na área executiva. Assim fiquei responsável pela parte artÃstica e ela pela administração do projeto.
Como uma artista contemporânea, com personalidade musical, lida com a dificuldade de espaço no circuito comercial (rádios, especialmente)?
Aceito o rótulo de artista contemporânea por acreditar que contemporaneidade significa misturar, agregar ritmos, conceitos e experimentação. Hoje o mercado da música está se transformando, você não precisa de uma grande gravadora para lhe dizer o que pode ou deve gravar ou para comprar espaço nas rádios. Hoje em dia, com a tecnologia, é só gravar e jogar na rede e no virtual se cria uma nova realidade. Portanto, temos que aprender a conviver num contexto muito mais poluÃdo e com excesso de informação.
Nesse sentido, de que forma a internet contribui com os artistas de hoje?
Veja exemplos do Artic Montic, do White Stripes, Malu Magalhães. Os trabalhos foram jogados na rede e os internautas passaram a exigir a materialização de um CD fÃsico. Aà o processo se inverte, o público dita para as gravadoras o que quer escutar. Mas a magia de uma canção, o que vai determinar se ela é ou não comercial ainda será um mistério.
Você continua apostando no CD ou prefere investir no MP3?
Eu acho que o CD não vai acabar. Eu gosto de escutar um novo CD olhando o encarte, lendo as letras. Mas também acho fundamental disponibilizar em outros formatos. O show ainda é o melhor lugar para se vender disco, é ali que acontece o contato com o público.
O que você acha da chamada música regionalista?
Olha, esse estilo não me representa, não me emociona mas respeito quem faz e se alimenta dela.
E como um músico gaúcho é visto fora do Estado quando não faz esse estilo?
Toda vez que tenho oportunidade de tocar fora do Estado e do paÃs sou muito bem recebida e respeitada. Os músicos daqui estão se profissionalizando na arte do espetáculo. Trabalha-se com pouca estrutura técnica, de equipamento. Os teatros do municÃpio e do estado são mal equipados e para realizar um show você tem que investir muito. Isso já dá uma rasteira em muitos artistas. Mas mesmo assim, com criatividade, se criam espetáculos belÃssimos que fora daqui competem de igual para igual com os dos grandes centros.
Um artista gaúcho.
Nelson Coelho de Castro, um dos maiores sambistas do Brasil.
Uma música.
Samba da Identidade – uma recente parceria minha com o cineasta Wim Wenders.
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