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Política cultural

A miséria intelectual continuará a guardar a nossa miséria material?
Alexandre Vargas

Existem mal-entendidos que podem revelar com grande eloqüência situações que de outra maneira passariam despercebidas. Um caso exemplar é a proposta inicial do governo Yeda Crusius de extinção da Secretária Estadual da Cultura. A primeira reação foi o repudio. O governo recua e nomeia alguém com uma sólida biografia, Mônica Leal, dona do mais fino ouvido de sua geração e de uma voz ficcional maravilhosamente flexível e sutil aos interesses do partido que governa.

Outro caso é o projeto orçamentário encaminhado pelo Governo do Estado à Assembléia Legislativa que prevê a impactante soma de R$ 251 mil para aplicação em “projetos estratégicos” no próximo ano. Como quase toda política voltada para os pequenos rende poucos votos a verba prevista para o Fundo de Apoio à Cultura, ? que se destina a financiar projetos culturais estratégicos e de menor valor; objetiva, enfim, dar apoio àquele que tem menor poder de barganha frente ao mercado de captação de recursos ? é rídicula e substima a inteligência dos eleitores gaúchos.

Todavia, os episódios são reveladores, muito além da politicagem de praxe ou da proverbial incapacidade de gestão para discernir politica cotidiana e partidária da questão cultural e artistica. Num contexto mais amplo o que fica em evidência é o quadro de total desolação de investimentos públicos na cultura. Por outros caminhos a Secretaria Estadual da Cultura parece condenada a extinção.

Exigir qualquer coisa da gestão publica é produzir um diálogo viciado que só faz legitimar, os fazedores de cultura no Rio Grande do Sul, que têm, em geral, uma crassa ignorância sobre o quadro político e econômico em que sua produção se dá. E essa miséria intelectual continuará a guardar a nossa miséria material. Quando os artistas compreenderem a centralidade da questão cultural e artistica em relação ao exercício da verdadeira democracia, quando as mídias e a população distiguirem entretenimento de cultura, quando os artistas resolverem ser profissionais ou amadores, teremos alcançado outro patamar. Caso contrário a fantasia da politica cultural do governo do Estado do Rio Grande do Sul continuará sendo vitima de um enganosso jogo de espelhos.

Mas terá isso importância no Estado do Rio Grande do Sul? Faz sentido falar em investimentos públicos na cultura? Há algo por que se militar politicamente nessa área no Estado do Rio Grande do Sul? O ponto de silêncio dos artistas não sustenta essa situação?

A minha resposta entre aspas é: “sim”.


22/11/2007

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Comentários:

OLÁ, ALEXANDRE ! Acredito que os artistas devam aprender a protestar, a dizer em alto e bom tom o que os está incomodando. A arte só será livre se o artista o for. O discurso do artista deve ser veiculado em sua expressão artística, no trabalho que o representa, não em atas de reunião ou placas que se leva até a frente do piratini. Isso anula seu mais importante diferencial; a obra autoral. Nossos colegas (maioria deles) estão fazendo cursos de como convencer o poder público a liberar aquela esmola chamada lei de incentivo e, em troca, estão oferecendo obras cada vez mais pasteurizadas,cada vez mais distantes da arte. Os maus governos querem esses cordeirinhos adestrados, que depois serão professores na faculdade de arte visual. Mas os bons governos querem orgulhar-se de sua cultura e de seus artistas singulares. O Brasil não é o mundo, e o artista não deve ter fronteiras para sua expressão. A arte deve ser feita para a humanidade, e não para um determinado e viciado grupo de jurados. Se eu fosse determinar uma verba para a execução das obras artisticas que tem vencido os concursos e salões pelo brasil inteiro, é bem possível que me parecesse mais coerente doá-la ao primeiro mendigo faminto,pois certamente a fome do mendigo não estaria manipulada por projetos viciados e jurados estéreis.
SELISTRE, Porto Alegre RS 24/06/2010 - 11:16

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