Estive, no período de férias, ocupando minhas horas vagas entre um prazer e um dever, com leituras de diferentes estilos de obras. Costumo fazer isto todo ano e geralmente me sobra algum espaço para, além destas,refazer algumas leituras antigas. Desta vez foi o caso de um livro já lido, mas sempre bem vindo como leitura voltada a comportamento.
Não façam críticas apressadas. Eu não o classificaria como livro de autoajuda, embora não tenha qualquer menosprezo por tal literatura. “Crer para ver”, de autoria de Wayne W. Dyer é um guia de análise do comportamento. Conforme afirmações do autor, são os nossos pensamentos que nos levam a agir de diferentes formas, muitas delas amargas e infelizes. Não são os fatos externos, ou as circunstâncias, na maioria das vezes, os responsáveis por nossos caminhos prazerosos ou intrincados, amorosos ou cruéis, ternos ou vingativos.E, contrariando o dito atribuído a São Tomé – que é preciso ver para crer – Dyer faz um demonstrativo do processo ao inverso – vemos somente aquilo em que anteriormente acreditamos em nosso pensamento.
É de se refletir sobre a questão. Histórias de vida trazidas pela imprensa, pelo cinema e literatura nos trazem oconhecimento de casos verídicos de resiliência e superação. Lembro o filme que assisti em 2013 – “Preciosa”. A atriz, candidata ao Oscar, saiu da vida real para a telona. Era inculta, pobre, negra, gorda e feia. Qualidades deploráveis para muitos, sem dúvida. Narra o livro autobiográfico que antecede ao filme que foi abusada pelo pai e (pasmem!) também pela mãe. Teve dois filhos frutos da relação incestuosa. Caberia ter vivido uma vida perdida, sem esperanças de futuro. No entanto, provavelmente, deve ter construído algo precioso em sua mente – um pensamente aberto a oportunidades, que cresceu e acreditou, e crendo, encontrou a ajuda que precisava para seguir vivendo, daqui pra frente, vendo aflorar a dignidade merecida.
Diz-se que, quando o discípulo está pronto, o mestre aparece. Discípulo pronto, creio, nada mais é do que aquele que construiu na mente o arcabouço para receber o conhecimento. Assim, mais aprende o aluno por si do que pelo ensinamento do mestre, sabemos disso.
A ciência, os grandes inventos, as descobertas de vacinas, a tecnologia, a cura de doenças,trilham este processo da crença num pensamento que se instala e é perseguido com trabalho e empenho por mentes fabulosas que, na maioria das vezes, na contramão do saber já consagrado, leva a resultados edificantes para a humanidade. A história do homem, desde os primórdios da civilização, nos comprova.
O mundo é pleno de oportunidades e de possibilidades e, no entanto, hoje nos parece ver a raça humana presa numa armadilha que ela própria decretou segundo circunstâncias nefastas. O caos parece instalar-se em toda parte – na família, na escola, nas lideranças e na política, especialmente. O “por que não?” talvez seja a pergunta chave que se deva fazer diante destas oportunidades e possibilidades. Se o pensamento quanto a sermos mais fraternos, ou mais capacitados, ou mais audaciosos, ou ainda responsáveis, comprometidos, talentosos; ou se precisamos fazer uso da rebeldia, da coragem, do desenlace, para sairmos da escuridão e enxergar a luz, que se abrace tal questionamento. Crendo, que se persiga. Para poder visualizar e alcançar outra realidade mais de acordo com a felicidade e valores éticos, principalmente.
Enquanto seres humanos ainda não derrotados, acreditar no poder construtivo e salvador de nossas ideias, nos levará a patamares de grandiosidade.
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