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Paulo Tedesco

Pois fico impressionado com a desfaçatez e a sem-cerimônia com que hoje se vende o passaporte para o sucesso, sem qualquer respeito com o que possa vir a provocar na carreira de um autor. E falo observando esse concurso que a gigante Amazon, em conjunto com a Nova Fronteira, apresentou e anda com as inscrições em aberto.

Pois para se inscrever no concurso, o autor precisa, veja só, publicar na Amazon, em formato digital, o seu original! Em outras palavras, o autor deve se publicar para se candidatar a ser publicado! O autor, portanto, estará assim abrindo mão do ineditismo de seus originais (algo considerado indispensável em qualquer outro concurso literário, a ponto de ser vetada a participação do que já tenha sido publicado em qualquer formato), para poder sonhar com o um prêmio que promete valor em dinheiro e uma publicação tentadora para qualquer escritor.

Tudo bem, entendamos que isso é bom, e que é um novo concurso a motivar autores e a agitar o mundo do livro, pois como qualquer outro mercado, ele vive da novidade, do viço do novo, daquilo que lhe é inédito, e se o mesmo serve para os aparelhos eletroeletrônicos – a coqueluche do consumo nesses tempos – não poderia ser diferente para o livro.

Sabemos de editoras que reagiram bem a algum dos sucessos de autopublicação, como o que a Amazon propõe para seu inédito concurso, e acabaram republicando e puxando para si a tarefa editorial. Mas, e é de conhecimento público, foram somente alguns casos de sucesso, aliás, alguns poucos. A imensa maioria dos sucessos medianos, no entanto, e quase na totalidade dos fracos, somados aos fracassos, e que talvez merecessem uma segunda chance, foram simplesmente ignorados e até desprezados pelo resto do mercado e dos leitores.

E me parece que é o ponto: sujeitar um livro ao modelo de autopublicação que o concurso propõe, e que consiste em entregar às cegas um texto original numa plataforma digital de autopublicação e depois torcer para que o livro seja ungido entre milhares, ou ser cauteloso e adotar medidas dentro de uma orientação mais estratégica e consequente para seus livros e originais? Particularmente, fico, sempre, com a segunda opção, pois nada nem ninguém, até agora, me convenceu que liberar um original de ficção para leitura na forma que é oferecida, significará uma chance maior de reconhecimento e ampla leitura.

Esse modelo, aliás, pode servir e imagino que sirva para outros gêneros, a exemplo do sucesso de Por que Gritamos Golpe? Boitempo Editora, onde a seleção de artigos de opinião de nomes importantes, num momento crítico da política nacional, se provou como um caso de e-book gratuito que se traduziu em boa vendagem e em números de leituras e acessos.

Talvez esse concurso da Amazon com a Nova Fronteira, no fim, seja mais uma boa opção para os autores de ficção. Sinceramente, torço para que venha a se comprovar da melhor maneira. Porque, se no futuro, todos aqueles que publicaram seus originais sonhando com um concurso, se mostrarem frustrados com os resultados e também preocupados com a preservação de seus direitos autorais, por conta dessa iniciativa, nesse caso, creio que vale a pena a sugestão principal desse longo e teimoso artigo: cautela, por favor, cautela.


10/10/2016

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  Paulo Tedesco

É escritor de ficção, cronista e ensaísta, atua como professor e desenvolvedor de cursos em produção editorial e consultoria em projetos editoriais, também como orientador em projetos de inovação em diferentes setores. Trabalhou nos EUA, onde viveu por cinco anos, nas áreas de comunicação impressa, indústria gráfica e propaganda. É autor dos livros Quem tem medo do Tio Sam? (Fumprocultura de Caxias do Sul, 2004); Contos da mais-valia & outras taxas (Dublinense, 2010) e Livros: um guia para autores (Buqui, 2015). Desenvolveu e ministra o curso de Processos Editorais na PUCRS e coordena o www.consultoreditorial.com.br atendendo autores e editores. Pode ser acompanhado pelo seu site, pelo Facebook ou pelo Twitter.

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