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Resenha

Nós e a solidão
José E. Rodrigues

Solidão é o sentimento que perpassa o leitor (ou, ao menos, este leitor) que se dedicar à leitura do livro "Nós", de Maria Avelina Führo Gastal. Começando por "Flores e samovar", onde uma mulher vive só em uma casa elegante e decadente, e um telefonema a tira de sua rotina. Passando pelo filho confrontado pelo falecimento de sua mãe, em "Aos seus pés". Pela mãe que narra o que vê o dia da família na praia em "Desapego". Pelo provável médico que perde um paciente em "Cicatrizes". Pela intensa solidão (não há outra palavra) de Cassiano em sua epopeia particular em "Cheiro de lavanda", ou de "Amélia" (personagem título de outro conto) à procura de alguém. Ou Janete, contemplando o vizinho em frente, no conto "Janelas".

A perda da intimidade de um casal em "Um sorriso que chora". De fato, o conto pode fazer chorar a quem tenha passado por situação semelhante. Poderia falar ainda do menino, filho da empregada, que segue com ela para a casa de praia da família a qual ela serve, em "Expectativas Irreais". Ou do pai alcóolatra ansioso por reconquistar o filho em "Doses de Afeto". Veja. Não vou falar de todos os contos, embora já tenha falado de muitos. E nem tudo é solidão, no sentido que falei acima.

Há o desencontro do casal em "Dia a dia". A paranoia em "A Lista". O medo em "Horas?", um conto com certa pegada de crônica. Ou a atmosfera fantástica no conto "Ponto de equilíbrio". E há o caso especial do conto "Paradise's Garden", sobre um condomínio de luxo em uma cidade (Porto Alegre? São Paulo? Rio de Janeiro? outra?) que tem sua rotina alterada por um estranho e persistente fenômeno climático, que impossibilita tanto as pessoas que estão no condomínio, moradores e empregados, de sair, quanto quem está fora de chegar. E situações vão sendo criadas por conta dessa anormalidade, numa história que, a seu modo, me remeteu a "A Auto-estrada do Sul", de Cortázar. É o conto mais longo e o que fecha o livro. Achei o final meio decepcionante, brasileiro demais, digamos, mas isso não importa. O livro já está publicado, e o conto é envolvente.

Dito tudo isso, é obra de uma autora madura, que mereceria mais destaque, fosse nosso mercado também maduro.


03/05/2020

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  José E. Rodrigues

Nascido em Porto Alegre, em dezembro de 1966, formou-se em História pela UFRGS, e no Curso de Formação de Escritores da Metamorfose. Trabalha como bancário. Participou das coletâneas Metamorfoses, Santa Sede Safra 2016, Palavras de Quinta e Por Cima é Millôr. Escreve no blog http://novasvoltasemtornodoumbigo.blogspot.com

jar1966@gmail.com


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