Nascida possivelmente num momento precioso da existência da autora, a Coleção Arco-Íris Poética é composta de cinco livros voltados para um mesmo ponto de interesse: a paixão. A poesia de Angélica retrata um momento de explosão de sentimentos, sem a preocupação de colher resultados que não aqueles possíveis de imprimir à vida um certo significado. É claro que a poetisa busca na sua forma literária encontrar elementos de convivência na vida moderna, na lógica que rege as relações humanas e na reflexão sobre aquilo que muitas vezes fragmenta e tira o significado dos nossos sentimentos mais profundos.
Poesia Para Todos, Prisioneiro da Paixão, Parando Para Pensar, Palavras e Existir são cinco livros que abordam o “prazer” no seu sentido mais intenso.
Em Existir, primeiro volume da Coleção, Angélica disseca as emoções, os desejos, com a limpidez e a serenidade que cada um guarda secretamente dentro de si:
“Antes tarde do que nunca,
caminhar sob a luz da lua,
deixando sua nudez crua,
fazer parte da minha fantasia flutuante”.
Flutuando na sua poesia de intensa sensualidade, descobrirá então o leitor a sua própria intimidade.
A universalidade do tema caracteriza a preocupação da autora em refletir o cotidiano e os anseios coletivos.
A angústia com os novos tempos sem leitura fica bem expressa em “Escrever e Ser Lido”, talvez o ponto mais alto deste conjunto de poemas tão bem inspirados.
No vigor curioso da sua juventude invade espaços, experimentando sensações e emoções, na busca persistente de respostas decisivas para a compreensão das suas paixões:
“Na manhã seguinte:
a culpa sujava meu corpo.
Sentia repulsa do meu sexo”.
Os sofrimentos, as vergonhas, as exaltações de sua alma brejeira estão em “Prisioneiro da Paixão”. Aí, se encontra o contraditório da condição humana, na busca permanente do conhecimento de si própria.
Em “Poesia para Todos”, Angélica debruça-se sobre os sentimentos mais simples não menos importantes, comuns a toda gente:
“Sonhei que seus lábios
estavam nos meus.
Colados, molhados,
língua com língua,
enlaçados”.
Na sua busca obsessiva do entendimento, a poetisa disseca palavras e expressões para muito além do senso comum ou das definições do dicionário. Assim, em “Palavras”, derrama-se em reflexões doloridas, como no poema “Amaldiçoado”, quando diz:
“ Colocou o destino em suas mãos
sem conhecer a maldição
que o faria infeliz”.
Estancar a atividade frenética, recolher-se a um tempo de meditação, evitando ser levado de roldão pelo dia a dia mecânico e neurotizante, é a receita da autora no volume “Parando Para Pensar”. É quando Angélica convida o leitor a olhar dentro de si e a sua volta, como em “O Poeta em Si Mesmo”, “O Senhor da Casa ao Lado”, ou “Os Pais da Gente”.
Apesar de jovem, a nossa poetisa já carrega “os sulcos no rosto que parecem um mapa da história da vida”. Espontânea, natural e reflexiva deixará para os leitores dos seus poemas um legado de amor e paixão.
Se você não está apaixonado, ao final da sua leitura estará. Por ela!
Vânia Barbosa, jornalista
|