ESPECIAL PRODUÇÃO
CULTURAL


O Portal Artistas Gaúchos está criando uma sessão especial para ajudar artistas e produtores independentes com suas dúvidas relacionadas a editais, montagens, enfim, todo o tipo de projeto cultural. A sessão é uma parceria com a LIGA e as questões serão analisadas e respondidas por Dedé Ribeiro e Luiza Pires. Esta sessão também publicará dicas e notícias relacionadas com gestão e produção cultural. Participe!




Envie sua pergunta para dede@liga.art.br




Algumas respostas de Dedé Ribeiro

O que é necessário para se inscrever como produtor cultural? isso é indispensável para fazer projetos e aprova-los nas LICs ou Lei Rouanet? ou o próprio artista pode fazer o projeto? (Carla Nogueira)

Para a Lei Rouanet, é necessário ter dois anos de currículo comprovado na área. Tanto faz ser o produtor ou o artista. Para a LIC-RS é necessário fazer um cadastro de produtor cultural, disponível na internet, além de comprovar os dois anos.

Tenho um projeto aprovado pela lei Rouanet. Posso inscrever este mesmo projeto na Lic? Posso ainda complementar os 20% que a Lic não contempla, com a Rouanet? (Clleber Passus)

Pode inscrever sim. As Leis podem ser usadas complementarmente. Só não pode pagar a mesma rubrica nas duas leis. É só decidir o que será pago com cada uma. É importante lembrar que é preciso captar ao menos 20% do valor total do projeto, para movimentar a conta.


Tenho muito interesse em trabalhar na área de produção. Tenho pouquíssima experiência profissional e nunca trabalhei no ramo de produção. Faço faculdade de jornalismo, moro em São Paulo, capital e ainda não pude fazer nenhum curso de produção. Como faço pra conseguir emprego em Produção - voltada, de preferência, pra música? Espalhar currículos via email pra todos os escritórios de produção que conheço ainda não deu resultado, não sei se estou fazendo direito... Meu interesse é ganhar experiência, viver nesse ambiente de produção, seja em escritório ou seja atuando como assistente dos produtores que acompanham os shows. E, ainda, você sabe de cursos não-caros de Produção por aqui, ou de alguémque possa me indicá-los? Nossa, esta tua sessão no portal é sensacional! (Karen Holtz)

Eu não sou a melhor pessoa para falar do mercado em SP, mas se for como aqui, os currículos para produtoras não funcionam muito mesmo. Tem muita oferta e as pessoas procuram contratar quem elas já conhecem ou já viram trabalhando. Acredito que a melhor forma de começar é criar uma produção tua. Tem sempre artistas (muitos, em todas as áreas) procurando produtores. Se precisares, mando uns do sul que adorariam fazer apresentações em São Paulo! Também podes imaginar algo e montar um projeto, como um festival, uma mostra, ou o que mais gostares. Na internet vais encontrar muitas dicas de como começar um trabalho. Também acho que na internet podes achar um curso bom e barato. Só verifica se os ministrantes tem realmente um bom currículo e experiência. Mesmo se fizeres uma pequena produção (como um show em um café) já vais aumentar a tua rede de contatos e criar um currículo. Também te convido para conhecer meu blog (http://dederibeiro.wordpress.com), onde seguidamente dou dicas de produção. Abraços e boa sorte.


Gostaria que me falasse a diferença entre um PRODUTOR e um PRODUTOR EXECUTIVO em um Festival de Teatro. Sou do RJ e estou tendo este problema, pois não sabem onde me encaixar. (Bruna Silveira)

Produtor é um termo genérico que designa tanto o produtor executivo, quanto o diretor de produção e até mesmo o assistente de produção. O que existe é a diferença entre Diretor de Produção (que cria as estratégias, coordena os envolvidos e se responsabiliza por tudo) e Produtor Executivo ( em festivais, cada produtor executivo se encarrega de uma área, tipo logística, técnica, transporte, etc...).


Olá Dedé, moro aqui em Ipatinga e trabalho desde pequeno com circo e teatro, hj trabalho em uma industria de seg a sexta, e aos finais de semana animo aniversario infantil de palhaço/malabaris/mágicas etc.., e tenho um programa de TV infantil aos sábados no canal a cabo, sou produtor de uma banda de axé (Swingaço) e outra de pagode (Muleke Malicia), realizo tbm as vezes eventos particulares com as minhas prorpias bandas e tudo. Mas agor irei estudar, como arrumo tempo pra ficar na internet, pra contactar show pras bandas? Me dá um conselho? (Marcelo Kirsch)

Achei muito divertida a tua pergunta, porque nós todos aqui temos muita necessidade de mais horas num dia. Tenho me organizado para gerenciar os sites de relacionamento (facebook, myspace) e o site da Liga uma hora por dia. O Blog me toma mais tempo, então posto de dois em dois. O twitter eu deixo aberto e dou uma olhada as vezes, enquanto falo ao telefone. Talvez o que seja interessante, no teu caso, é distribuir algumas tarefas com as bandas, tipo o gerenciamento do myspace. Te desejo muito sucesso, para que tu logo possas te dedicar só à arte.


Qualquer empresa pode patrocinar eventos através da LIC ou Rouanet ou deve ser tributada de uma forma específica? Qual o percentual que elas podem abater nestas duas leis? (Marcelo Kirsch)

Para a Lei Rouanet, a empresa tem que ser optante de lucro real e pode deduzir até 4% do Imposto de renda devido.   Para a LIC, o prcentual varia de estado para estado, mas as empresas deduzem do ICMS devido. No RS vai de 4% a 20% dependendo do faturamento da empresa.


Moro aqui na cidade de Rio Grande, como aqui tem uma grande quantidade de pequenos e grande produtores de Jurupinga, pensei em fazer a 1º Festa da Jurupinga, que provavelmente será nos dia 3, 4, 5, 6 e 7 de setembro deste ano. Nesta festa estamos pensando em diversas atividades culturais com shows musicais e teatrais, exposições artísticas de livros, CDs e artesanatos. Como posso fazer para conseguir apoios de leis de incentivo a cultura e patrocinadores para esse evento venha a acontecer?
(Maicon Gomes)

Se vocês mantiverem estas datas, provavelmente não terão tempo para utilizar as Leis de Incentivo para 2009. A Rouanet tem levado de 5 a 8 meses para aprovar. Se contarmos o tempo da preparação do projeto e, depois, da captação de recursos, já vemos que não dá. Talvez seja o caso de já montar o projeto para o próximo ano. Sugiro que procure um produtor cultural (confiável, com bom currículo) para montar este projeto e apresentar para as Leis de Incentivo. Também é prudente sondar possíveis patrocinadores antes, para ver qual lei seria a mais adequada (isso economiza tempo e dinheiro).


Por gentileza me esclareça uma dúvida. Trabalho como organizador de eventos, porém fui contratado para ser produtor de um Grupo de Teatro para realizar uma tournee em um grande projeto. Quais são as funções especificas de um produtor nesta area, como poderei ajudar da melhor forma o grupo, sempre trabalhei em bons eventos que agregão tudo, e nunca com um unico artistano caso um grupo.
(Roger Lopes)

Quando se trabalha com um artista ou um grupo, a idéia principal é criar uma estratégia, com cronograma, metas e objetivos claros. É preciso conhecer bem o trabalho e o público ao qual esse produto cultural se dirige. Depois fica fácil botar o bloco na rua: marcar os teatros, contratar luz e som, a logística de hotel, alimenação, transporte, mídia, etc. Boa sorte!


Li alguns artigos no site e tenho algumas dúvidas: Qual a diferença entre produtor cultural da área de logística e da área técnica? Os comprovantes para tirar registro profissional podem ser programas e certificados que constam o nome do produtor? Este registro é feito junto ao SATED?
(Cida Perfeito)

As atribuições dos produtores mudam de acordo com a área que estão trabalhando. Uma exposição de artes visuais terá necessidades diferentes de uma peça de teatro, mas vou te dar um exemplo de música: o produtor executivo logístico cuida de hospedagem, alimentação, translados. O produtor técnico cuida de sonorização, iluminação, montagem de palco, esse tipo de coisas. No RS o registro é encaminhado pelo SATED para o Ministério do Trabalho.

Oi Dedé, acabei de descobrir o site artistasgauchos e achei tri legal, estou entrando na área de produção e ainda tenho muitas dúvidas sobre a carreira, principalmente burocráticas, já que se aprende muito mais na prática. Minha maior e primeira dúvida é: qual é a diferença, na prática e no papel, de um produtor executivo para um produtor cultural/artístico (esses dois últimos não sei se são a mesma coisa e só muda o nome)? (Sheila Uberti)

O Produtor executivo é na área de cultura é um Produtor Cultural (nome genérico para todas as funções de produção na área de cultura). A diferença está entre um diretor de produção e um produtor executivo. Nesse caso, o diretor de produção é o que cria todas as estratégias e coordena os produtores executivos. Já o produtor executivo, como diz o nome, executa este plano, podendo se especializar numa área (logística ou técnica, por exemplo) ou fazer tudo.


Faço parte de uma banda que mistura o ritmo e a poesia de uma forma clássica e bastante peculiar, e que com suas letras incentiva a cultura e incita seus ouvintes à leitura. Uma sonoridade rica, forte e coesa, que define em poucos acordes a "cara" da banda. Meu email refere-se à minha busca por alguma produtora, que de alguma forma lapide o ouro bruto. Aguardo retorno.
(Rafael Pereira)

Não tem sido fácil conseguir produtores, nem para artistas renomados. O meu conselho é buscar alguém que esteja disposto a aprender e que possa crescer junto com a banda.


Como preparar um bom portfólio? O que preciso observar? O que é mais importante? Acho sempre difícil apresentar resumidamente o que realizei ao longo de minha trajetória como artista, não sei o que priorizar e nem muito bem o que observar para poder apresentar de forma a que possa competir com o que hoje esteja sendo realizado. Ah, minha área é Artes Plásticas.
(Maria Elena Gerhardt, Meg)

Meg, não existe uma fórmula pronta. Os portfólios dependem muito da criatividade de casa artista. Alguns recorrem a um designer gráfico e outros dão conta desta parte sozinhos. Atualmente as capas artesanais são mais valorizadas que antes (antes significavam falta de profissionalismo, mas agora já não), e o melhor formato segue sendo o A4, por ser manuseado e arquivado com mais facilidade. Os textos devem ser curtos, simples e diretos, com uma linguagem jornalística. Se houver textos poéticos, eles devem ser apresentados junto com as fotos da obra e não dentro do texto de apresentação, para não comprometer a objetividade. As fotos de obras devem ter a melhor qualidade de obtenção e reprodução, senão funcionam como "gol contra". Pode-se incluir reprodução de matérias jornalísticas, mas apenas as 4 ou 5 melhores. Não esquecer nunca o contato da artista em destaque.


Sou coordenador da área de comunicação social em um órgão público de Belo Horizonte, mas não sou jornalista e nem estudo na área, faço arquitetura (é meu grande amor), por isso gostaria de te perguntar como faço para tirar o Registro Profissional de Produtor Executivo? Só consigo fazendo curso técnico na área?
(MCs Don e Mingau)

Eu não sei como está a situação do SATED (Sindicato dos artistas e técnicos em espetáculo de diversão) em BH, mas na maior parte do Brasil é este o sindicato responsável pelo encaminhamento do registro profissional ao Ministério do Trabalho. O SATED vai exigir a comprovação da produção de 3 produções ou o diploma em curso superior cadastrado (o próprio SATED deve informar se há algum aí em BH).


Dedé, quero agenciar e vender shows de 5 músicos e pretendo também vender o shows deles pelo Brasil. Como funciona esse tipo de trabalho burocraticamente? E como deve ser o escritório? Tem algum lugar onde eu possa coletar essas informações?
(MCs Don e Mingau)

Burocraticamente, tem que procurar um contador e pedir que ele abra uma empresa de Produção Cultural. Para o registro profissional (não obrigatório) precisa procurar o SATED de seu estado, pois é o SATED que encaminha a carteira de trabalho para o Ministério do Trabalho (em alguns Estados brasileiros, esse registro não tem utilidade e ninguém faz). O escritório é como qualquer outro, muitos produtores nem tem escritório. Basta um computador com internet rápida e um telefone sempre ligado. Espero ter ajudado...


Qual a melhor forma de remunerar um produtor executivo em um projeto aprovado pela lei rouanet de nove meses? Por salário mensal, comissão de valor captado ou cachê?
(Aline Proetti)

Olá, Aline! Isso depende um pouco do tipo de trabalho. Se o produtor executivo estará atuando em todas as etapas do projeto, o melhor é um valor mensal (que entrará na forma de cachê e não de salário, já que a Lei não prevê encargos trabalhistas). Se ele atuar apenas em determinada etapa (ex. acompanhar artista em turnê), então o cachê pode ser pago de uma só vez (ou duas, 50% antes e 50% depois). Apenas o captador de recursos (agenciador, na nomenclatura utilizada pelo MinC) recebe por comissão.


Dedé, tenho uma dúvida a respeito de qual é a melhor maneira de encaminhar um projeto às Leis de Incentivo (Fumproarte e LIC Federal, especificamente), se como pessoa física ou pessoa jurídica? A única diferença é que se o proponente for pessoa jurídica eu pagaria mais impostos (20% + 11% de INSS) do que como pessoa física (20% de INSS)? Qual a tua recomendação nesse caso?
(Fabiana Fonseca)

Cada caso é um caso. O Fumproarte se torna mais simples no caso de pessoa física, mas a LIC e a Rouanet são o oposto. O valor do projeto pode ser mais alto no caso de pessoa jurídica. Sobre os impostos, quem vai pagar são os teus fornecedores e pessoas que contratares. Eles é que devem fornecer a nota fiscal e a porcentagem de impostos depende de cada empresa. Neste caso é que seria interessante não contratar pessoa física, pois daí tens que reter imposto na fonte.


Criei um grupo de teatro com alguns amigos e o local escolhido fica em frente ao meu prédio, onde existia um antigo armazém, no bairro Cristo Redentor. A proprietária do local mora nos fundos e estou locando esse espaço como atelier artístico. O espaço tem capacidade para 25 pessoas sentadas e já providenciei um pequeno palco. Sabe me informar se tenho que tramitar alguma licença junto à prefeitura ou à Secretaria de Cultura? Podemos cobrar ingresso? Isso nos ajudaria para pagar o aluguel.
(Tânia Cavalheiro)

Tânia, neste caso, terás de proceder como qualquer espaço comercial. Abrir uma empresa e solicitar o alvará da prefeitura para o funcionamento. O espaço público será sujeito às vistorias, desde instalações sanitárias até a inspenção dos bombeiros. O contador que for proceder a abertura da tua empresa pode te esclarecer melhor sobre os aspectos burocráticos. Normalmente, todos estes procedimentos são bastante custosos e esta é a razão da maioria dos grupos teatrais não terem sede própria. Sugiro que procures uma associação, empresa ou instituição do próprio bairro que se interesse em subvencionar o espaço. Um grande abraço e sorte na empreitada!


O que você acha que um músico deve fazer quando um jornalista diz que seu trabalho será analisado e aguarde sobre o dia que entrará na pauta, dia este que normalmente nem o jornalista e muito menos o artista sabe. Pode ser o dia do São Nunca? E caso assim seja, este tipo de situação gera uma série de questionamentos para o artista tipo:o que há de errado com o trabalho que encaminhei?
(Felipe Azevedo)

Como o jornalismo diário é bastante ágil, o ideal é criar algum evento datado. Assim o jornalista tem um "gancho" para publicar. Um motivo para que seja naquele dia específico. Se não existe data limite, a matéria acaba ficando para segundo plano, dando lugar ao que tem prazo.


Uma das situações de maior questionamento para um músico refere-se ao contato com jornalistas. Você prepara um release em que condições? Quais dados você recomenda que deva constar?
(Felipe Azevedo)

A situação ideal é contratar um divulgador ou assessor de imprensa, que é o profissional aparelhado para fazer este tipo de contato. De qualquer forma, o release deve ser redigido em liguagem direta, jornalistica e colocado no corpo do e-mail (sem anexos, a não ser que eles sejam solicitados pelo jornalista). Os dados referentes ao serviço (data, hora, local, preço) devem estar em negrito ou destacados do texto. A idéia é interessas ao jornalista, para que ele solicite mais informações, portanto deve ser um texto curto e atraente.


É possível entrar por um caminho mais fácil e ágil num financiamento ou patrocínio para a FESTIPOA literária?

(Fernando Ramos)


Infelizmente não há caminho fácil e ágil no financiamento público. Rapidez é prerrogativa de algumas empresas privadas que utilizam sua verba de marketing, não contando com isenção fiscal. Para o Festipoa há vários caminhos: Rouanet e LIC só valem a pena se já houver um patrocinador interessado (prazo de aprovação atual de 4 a 11 meses...). O Fumproarte não tem histórico de aprovar edições de festivais, mas legalmente não há impedimento ( inscrições abertas para o próximo semestre). Também sugiro um contato com a Coordenação do Livro e Literatura do Município, com o Instituto Estadual do Livro e com a Câmara Riograndense do Livro, para que eles indiquem possibilidades de parcerias e financiamento.


Cada cidade do RS tem uma Lei de Incentivo à Cultura diferente?

(Marcelo Spalding)


Poucas cidades do RS já tem sua Lei de Incentivo. Em geral elas permitem que as empresas invistam parte do ISSQN ou do IPTU devidos em projetos culturais. A Secretaria de Cultura (em algumas cidades é junto com a Secretaria de Educação ou de Turismo) da cidade poderá dar as informações de funcionamento da lei de cada município. Porto Alegre já teve uma Lei de Incentivo nestes moldes, mas nunca foi regulamentada e acabou caducando. Agora a Secretaria de Cultura está estudando novamente a implementação. Por outro lado, Porto Alegre tem o Fumproarte, que faz relação direta entre o poder público e o proponente, financiando até 80% do valor do projeto cultural.


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