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Exemplo de redação ENEM 2015: persistência da violência contra a mulher no Brasil
04/11/2015 / Redação Gene

TEMA: A PERSISTÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA

“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre é uma derrota”, afirmava Sartre, companheiro de Simone de Beauvoir. Figura emblemática da luta pela igualdade entre os gêneros no século XX, hoje ela se pronunciaria efusivamente contra uma de nossas maiores "derrotas" no campo das relações sociais no Brasil: a insistência da violência contra a mulher, fundamentada em resquícios patriarcais.

A partir de 1970, movimentos feministas buscam a desnaturalização da inferioridade da mulher no Brasil. A despeito dos indiscutíveis avanços, como a garantia de direitos até então exclusivos ao homem, tais como o voto, continuamos certos esquemas de dominação que originam distintos tipos de violência. No caso da física, a cada 15 segundos uma brasileira é agredida, o que evidencia a dificuldade de validação das leis Maria da Penha (desde 2006) e Feminicídio, recentemente sancionada. Tal perpetuação de brutalidades explica-se pela formação patriarcal de nossa cultura, que acaba culpabilizando a vítima em casos de abuso, por exemplo no estupro, quando a vestimenta ou o comportamento dela são ressaltados como “estopim” da agressão, ao invés do real culpado. Nesse sentido, por sucumbir à relação de poder, como explicaria Foucault, ela reforça o esquema de desigualdade, gerando um processo dificilmente rompível.

Por conseguinte, conquanto possua proteção especial na forma da lei, a mulher segue alvo de agressões dos mais diversos níveis, desde as mais sutis, como a “violência simbólica” (nos termos de Bourdieu), até as mais brutais, muitas vezes cometidas pelo próprio companheiro. Ao fazê-la crer que realmente é “sexo frágil” e depende do marido, ele consegue, via agressão psicológica, torná-la “refém”, explorando seu corpo, seu trabalho e sua dignidade. Dessa forma, a problemática se agrava e se perpetua, uma vez que tal vitima, quando mãe, “ensinará” tal esquema de dominação como natural ao filho e à filha, ocasionando a mais perene consequência da violência: consolidação de um círculo vicioso.

“Que tempos são estes, em que temos de defender o óbvio?”, rebateria o dramaturgo Bertold Brecht a Sartre e a Beauvoir. No intuito de romper tal esquema de dominação e defender o óbvio direito da mulher à segurança, a igualdade de gênero precisa ser a tônica das disciplinas humanas em cada escola brasileira, ficando a cargo do poder público inseri-la como discussão elementar da grade curricular. Além disso, campanhas midiáticas de impacto podem divulgar as leis de proteção ao público feminino, orientando-o acerca da denúncia. Cabe também aos movimentos feministas cobrar medidas mais efetivas do governo, como construção de abrigos protetivos à vítima que denuncia agressão doméstica e delegacias especializadas nesse atendimento. Com base nessas ações, finalmente derrotaremos a violência, invertendo a lógica sartreana.

 

Prof. Gene Faé

 

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