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Perfil

"Acho que tem muita coisa boa e gosto de celebrar isso"
Gabriela Vargas


Carol Teixeira, nascida no Rio de Janeiro, mas moradora de Porto Alegre desde bebê, é uma escritora de vinte e oito anos, formada em Filosofia pela PUCRS, cheia de boas idéias e dois livros na bagagem. Nessa entrevista, fala um pouco sobre literatura e preconceito.

Carol, quando você descobriu o dom pela escrita?

Aprendi a ler com quatro anos de idade. Entrei para ser alfabetizada já lendo e escrevendo muito. Quando pequena, perguntava além das outras crianças. Eu sempre tive sede de conhecimento e isso resultou numa ânsia pela leitura que consequentemente levou ao gosto pela escrita. Nunca tive dúvida de que queria ser escritora, desde pequena. Era algo natural e inevitável que foi acontecendo na minha vida.

Você publicou “De abismos e vertigens” em 2004 e “Verdades & mentiras” em 2006. Como está o andamento do teu terceiro livro?

Na realidade, tenho duas idéias, então escrevo um pouco um, um pouco o outro e daqui a algum tempo um deslancha e daí eu vou dizer: “Vai ser esse!”. Estou numa fase de confusão, porque são muitas idéias na minha cabeça.

Teu primeiro livro tem um tom mais pessoal e é só de crônicas. O segundo é dividido entre contos e crônicas. E como será o terceiro?

Vai ser um livro de ficção. A princípio, um romance.

Você é formada em Filosofia. Por que escolheu esse curso?

Por adorar escrever e pela minha sede por conhecimento. Por exemplo, eu era uma adolescente que admirava o Paulo Francis, assistia Manhattan Connection e discutia política com a minha mãe, enquanto as outras adolescentes da minha idade admiravam modelos, atrizes. Eu era intrigada com o que acontecia no mundo e lia muito. Escolhi a Filosofia, por achar que iria abranger tudo isso e também abrir minha cabeça, o que ia de encontro a esse espírito questionador que eu tenho. A Filosofia saciou um pouco da minha sede, me fez sair do senso comum e colocar a cabeça um pouco para fora d’água, metaforicamente falando.

As pessoas na imprensa, normalmente, te apresentam como escritora e filósofa. Você se considera filosofa?

Eu não gosto de me chamar de filosofa porque eu acho muito forte. Não atuo como filósofa, embora tenha muita filosofia na minha escrita, eu sou escritora. Pra mim filósofo é Nietzsche, Platão.

Quais são os teus escritores favoritos?

Eu gosto muito dos escritores contemporâneos. Eu não sou daquelas pessoas que diz que não se faz mais literatura como a de Proust, por exemplo. Que gente chata... Eu acho que tem muita coisa boa e eu gosto de celebrar isso. Sou apaixonada pelo escritor americano Johnathan Safran Foer, ele tem a minha idade, escreveu “Extremamente alto e incrivelmente perto” e é um dos melhores livros que eu li nos últimos anos. Gosto muito do Michael Cunningham, que escreveu “As horas” e “Uma casa no fim do mundo”. Gosto também do Milan Kundera que escreveu “A insustentável leveza do ser”. E, por fim, o Caio Fernando Abreu que é a paixão da minha vida, antes de todos os outros escritores.

E os filósofos?

Nietzschie e Sartre

O que a escrita significa pra você?

Transbordamento. Eu seria louca se eu não escrevesse. Eu tenho muitas idéias e eu fico analisando as pessoas, às vezes, eu vejo algum olhar, algum movimento e tudo aquilo me inspira para um personagem ou para uma crônica. Eu absorvo muito a vida, as pessoas. Então a escrita é minha forma de transbordar e a minha salvação.

Você é uma escritora jovem. As pessoas demonstram algum tipo de preconceito por causa disso?

Eu acho que sou muito levada a sério, tem muita gente que gosta do que eu escrevo. Recebo muitos e-mails de pessoas inteligentes e sensíveis falando coisas incríveis. Eu adoro, é impressionante. Isso me deixa muito feliz, pois eu vejo que eu tenho um público leitor muito inteligente. Agora, tem essa questão de eu ser jovem e não cair no estereótipo de escritora introspectiva, acadêmica e num clima mais careta vai haver preconceito por eu ser jovem, tatuada...

Como é ser uma escritora inteligente e bonita ao mesmo tempo?

A minha imagem é ligada também a escrita. Tem pessoas que me admiram pela escrita, outros pela imagem. No mundo em que vivemos, ou se é bonita, ou se é inteligente. Ai de quem for as duas coisas ao mesmo tempo. Esse é um paradoxo que inventaram, porque não existe.

E quando você fez aquele ensaio sensual para a Trip, em 2005, qual foi a reação das pessoas?

Hoje eu acho que já é uma coisa mais assimilada, eu já estou com meu lugar muito estabelecido no que eu me proponho, mas quando eu fiz aquele ensaio eu ouvia muito: “Ah, mas como pode? Uma escritora...”. O que a beleza tem que atrapalha a inteligência? Esse é um paradoxo inventado com o qual eu não me identifico nem um pouco, então quanto mais coisa boa eu puder ter agregada ao meu respeito, eu vou ter. Ainda mais no mundo em que vivemos, no qual tudo é tão conectado. As mídias são conectadas. Eu quero atuar no maior número de mídias possível. Da mesma forma que eu fiz um ensaio sensual pra Trip, o meu casamento saiu na Caras. E qual é o problema? Alguma coisa interfere na minha escrita? Enquanto eu sou tatuada, a minha família é muito tradicional, eu cresci em meio a paradoxos. Enfim, isso não me afeta de uma forma negativa e as pessoas que me admiram são pessoas que eu admiro muito, então eu não dou bola para as pessoas preconceituosas.

Você tem algumas tatuagens, quantas são? E o que elas significam para ti?

Doze. Na realidade, essa é a minha forma de colocar minha alma para fora. Eu tenho uma necessidade de expressão muito grande. Como a escrita, é outra forma de transbordamento. É deixar muito claro o que eu penso, quem eu sou e para que eu vim nesse mundo. Tenho a necessidade de deixar isso muito claro. Está tudo muito escrito para sempre na minha pele. Uma forma eterna de transbordar, assim como os livros. Eu gosto de eternidades...

Você tem algum método de escrita?

Eu escrevo na hora que me da vontade, às vezes é de madrugada, às vezes de tarde. Eu tenho que estar em silêncio, não pode ter televisão ligada, cachorro latindo, nada. Eu geralmente escrevo depois de ler. Eu leio um pouco, entro no universo da escrita, numa vibração calma e então entro no clima e escrevo às vezes horas, às vezes minutos. Acho que a literatura é achar calma no meio do caos... Fazer arte é achar calma no meio do turbilhão de coisas que a gente vive.

Por fim, tem alguma dica para dar aos jovens escritores?

Ler muito. Mil vezes ler muito. É o mais importante, o que mais me ajudou. Além de me inspirar muito, eu sinto que escrevo melhor. Acho que a grande fonte de escrever bem, é ler. E a outra dica é ter seu estilo próprio. Às vezes eu vejo escritores jovens tentando imitar outros escritores jovens, numa piração pós-moderna. Acho que cada um deve achar seu próprio estilo.

20/05/2008

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Comentários:

olá, gostei muito do que escreve e gostaria de ter uma dica de como me expressar na escrita a ponto que seja atraente para quem ler, pois comecei a postar em um blog minha rotina mas tenho receio da escrita esta sendo um massante ou cansativa que dicas poderia me dar em relação a esse início na escrita? beijos Milena
Milena, Brasília 24/08/2012 - 23:11

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