SATED
$ATED: Viva paranóia!
Alexandre Vargas
“Não precisa comer as unhas só porque são suas; se você gosta de unha, coma a dos outros, se quiser ou puder”.
Invocar o que se diz escondendo o que se pensa é uma espécie de júbilo sorrateiro de quem fica à margem, só observando e tirando proveito. Viva a paranóia do $ated! A junta que está governando provisoriamente (10 anos de juntas governativas!) o $ated — Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio Grande do Sul —, a mesma que conseguiu comprar uma Sede para o sindicato, mas não conseguiu mobilizar o quorum mÃnimo de votantes.
Não deu quorum?! Só 60 votantes?! O exigido é 137 votantes.
Convenhamos que deve ser mais difÃcil adquirir uma Sede na Praça Osvaldo Cruz, 15/912, do que alcançar o quorum de 137 votantes. Não devo nada ao $ated e nem o $ated a mim. Não há nenhuma razão para freqüentar esse gueto. Se a droga à s vezes faz delirar, porque não haveria de delirar sobre o $ated? Já estou tão cheio dos falsos e verdadeiros que me converto com prazer à paranóia: “O desafio medÃocre de alcançar o quorum de 137 votantes não foi alcançado porque a junta que está governando provisoriamente o $ated não têm interesse que aconteça uma renovação!”.
Não sejamos otimistas, pois a “Junta Provisória” se entregara com extrema aplicação ao exercÃcio da animosidade sob todos os seus disfarces, a propósito de tudo e de todos, presentes ou ausentes, sindicalizados ou não sindicalizados.
Estranho ideal de funcionamento e com que engrenagens nessa arte da piscadela os artistas conferem o tÃtulo aos seus legisladores? O $ated é uma pequena engrenagem numa maquina exterior muito mais complexa. O atual $ated quer os artistas e técnicos em espetáculos de diversões do Estado do Rio Grande do Sul acuados profissionalmente, acuados no plano pessoal e familiar. É o que tudo indica.
A necessidade da “classe” (termo já morto e inutilizável) é passar por uma espécie de descentramento — querendo ou não, pouco importa nesse momento continuar no mesmo embalo. O mesmo embalo é submeter os artistas e técnicos ao estado de estar acuado politicamente, reduzindo-os a assinar manifestos e petições.
Não sou uma bela alma vivendo o trágico de sua condição. Sinto chegar a uma clandestinidade voluntária, meio imposta é verdade. No entanto meu desejo polÃtico — em vez da vontade choramingona, que nos conduz a um comportamento infantil que nos revela enquanto fingimos ser sérios — é questionar para que serve essa realidade? Afinal de contas, o que há nesse $ated? Um belo conjunto de rumores, diz-que-diz, representação fragilizada, uma espécie de pastiche, um boato. É isso: o $ated é um boato! Assim não se vai longe.
Seria mais fácil e menos cansativo para a Chapa que se inscreveu nas eleições dedicar-se com o mesmo empenho e coragem a criar e fundar a Cooperativa Gaúcha de Teatro, talvez um conceito mais adequado e atual de gestão, em vez das noções ortodoxas que se formou em torno do $ated. Não ajudem o $ated, vocês vão ajudar paranóicamente. No entanto admiro a coragem dessa Chapa. De resto, para aquelas pessoas que efetivamente têm se dedicado ao trabalho dentro desse cipoal de forças polÃticas, é uma pena.
08/10/2008
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