Desde fevereiro a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia
(CEC) da Assembléia Legislativa do RS tem novo presidente. A descontração deve
marcar a passagem do jovem deputado Mano Changes na comissão mais ligada aos
temas de interesse educacional e cultural.
O músico e deputado Mano Changes (33 anos, eleito com mais de 42 mil
votos pelo PP), assumiu dando cara nova às reuniões e audiências
públicas do órgão técnico. Vocalista da banda Comunidade
Nin-jitsu, Mano Changes em três meses na presidência, já
realizou cinco audiências públicas, que analisaram temas como a
situação das escolas públicas estaduais, o fechamento das
escolas itinerantes no Estado e até as ações de enfrentamento
para a crise da ULBRA.
Atividade na CEC: Mano ao centro e ao fundo o painel
grafitado por Trampo. Foto: Rafael Cabeleira
Comprometido com as iniciativas das comunidades da periferia, Mano Changes
escolheu a arte em grafite para mostrar que é possível transformar
um pichador de muros em um artista. Um painel grafitado pelo artista plástico
Luiz Flávio Trampo foi feito para ser usado na sala de reuniões
da Comissão de Educação e Cultura.
Descontraindo o ambiente da CEC, o deputado mostra que seriedade não
significa cara fechada e, com seu jeito irreverente (quem chega cedo às
reuniões semanais da Comissão pode até conferir Mano fazendo
teste de som no microfone cantarolando algum ritmo), conduz com naturalidade
as reuniões e audiências. O músico entende a cultura e a
educação como ferramentas essenciais na construção
de uma sociedade mais justa.
Mano Changes conta um pouco da trajetória na CEC na entrevista abaixo:
Um músico à frente da Comissão de Educação
e Cultura. Como tu avalias estes três meses na presidência da CEC?
Em primeiro lugar, sempre com muita responsabilidade, né? E sabendo
da importância de um presidente de uma comissão permanente da Casa.
É a comissão que mais se aproxima dos jovens, justamente pelos
aspectos da cultura, do esporte, da inclusão digital e da educação
como ferramenta de capacitação dos jovens. Como presidente a gente
tenta ser o mais imparcial possível, sempre visando à qualidade
da educação, à melhoria da educação. As audiências
têm sido eficazes, estamos bem contentes e esperamos que com o projeto
“Comissão vai à escola”, que é o projeto de
popularização da CEC, tenhamos algo muito positivo com os deputados
e a sociedade participando dos debates. Quanto mais os deputados puderem estar
in loco é efetivo e eficaz para que tenha um controle para ter uma opinião
direta sobre o que está acontecendo.
Com relação à cultura, o que está na pauta
da CEC?
“CEC Vai à escola”. “CEC Vai à escola”
é um projeto que estimula as atividades culturais. Não apenas
um debate, mas algo atrativo pro jovem. Estamos em contato com artistas para
darem oficinas de hip hop para sensibilizar. É um estímulo ao
jovem, com oficinas de artistas para jovens. Queremos, junto com o debate, fazer
apresentações artísticas, com debatedores que possam falar
do próprio assunto e possam fazer um resumo do que foi debatido. O legal
é que professores e alunos estimulem o tema. Vamos fazer com que a arte
se inclua nesse debate, o rap tem essa coisa do repente, assim como os trovadores
aqui no Estado, e acho que é uma ferramenta que facilita, que aproxima.
Queremos usar teatro Dante Barone e aproveitar esse espaço em atividades
que tenham a ver. Os deputados de outras comissões nos procuram com eventos
ligados à cultura, querem a Comissão como parceira. Esse somatório
de ideias vai potencializar a Comissão.
Com essas atividades e projetos tu acabas fazendo com que artistas
também tenham um espaço maior para divulgar seus trabalhos?
Mais que um espaço é uma contrapartida. Acredito muito em leis
de incentivo, acredito em fomentar a cultura, mas é um sonho meu: o artista
tinha que ter muito mais incentivo, mas tinha que dar uma contrapartida para
a educação. O artista que ganha incentivo público, que
ele transforme isso em horas de oficina, porque o maior patrimônio que
um artista tem não é o financeiro, é o conteúdo
cultural desse artista. Ele poder passar isso para os alunos, para uma escola
que seja mais atrativa e mais próxima dos jovens. É fundamental
e uma ferramenta muito barata. Tu geras um incentivo, mas tu tens uma contrapartida.
Tenho certeza que a classe artística ia abraçar isso com muito
interesse por se tratar de educação; e é fomentando a educação,
levando a cultura e o esporte que a gente muda esse país.
Tem algum projeto para colocar isso em prática?
A constituição estadual não permite trabalhar com ônus
para o governo. O que se pode fazer é construir, dialogar e mostrar aos
executivos municipal, estadual, federal, a importância dessa contrapartida.
Tem que se trabalhar muito para isso acontecer e, pra isso acontecer, precisa
ter um executivo que abrace a ideia. Se ele não entender que é
preciso criar esses mecanismos para que o artista tenha incentivo, a contrapartida
não dá certo. O artista deve ter incentivo e dar contrapartida.
A comissão ganhou cara nova. O que mudou com tua entrada?
É importante manter o respeito, manter o diálogo e respeitar,
o espaço democrático que representa a AL e uma comissão
permanente. O presidente tem que estar acima de interesses ideológicos
e ser mais preocupado em construir um espaço mais popular dentro da CEC
e acabo chamando a atenção pela simplicidade, pelo meu jeito de
ser e pela espontaneidade, e continuar a ser a pessoa que sou. Quem acredita
no meu trabalho espera isso da minha conduta pessoal. O meu grau de responsabilidade
aqui dentro é diferente do de um artista. O grau de responsabilidade
é diferente, o artista leva entretenimento, mas a responsabilidade torna
o parlamentar mais sisudo, e quero continuar sendo a pessoa que eu sou. Mudar
não seria nada interessante e contaria pontos negativos em relação
ao que represento para as pessoas.
Que impressão teve quando chegou à Assembleia?
Tive uma ansiedade em querer colocar as coisas em prática. A gente vê
que é difícil colocar as coisas em prática, mas um artista,
um músico que se posiciona de uma maneira imparcial, sempre atendendo
às pessoas de uma maneira comum, simples, como sempre atendi, chama a
atenção de uma maneira positiva. Espero que seja exemplo para
futuros políticos e quem quer se candidatar ano que vem. É importante
as pessoas se darem conta que é muito melhor assim, que a gente é
mais capaz no momento que se tem uma oportunidade como essa e trabalhar da melhor
maneira possível.
Como surgiu a vontade de entrar para política?
O artista é cíclico, tem seu desenvolvimento na arte e na cultura.
Entendi que poderia ajudar as pessoas com minha popularidade de outra maneira
e mostrar que pessoas com boas ideias na política e que querem debater,
que não tem ranço, trazem um jeito diferente de fazer política.
No gabinete tem muita gente ligada à cultura, jornalistas e sempre ouvimos
quem nos procura.
E a escolha pelo Partido Progressista?
Tem um vínculo familiar e a proposta de desenvolvimento gradual com
o Estado necessário, que não é nem o mínimo, nem
o máximo, mas o eficaz, que dá uma contrapartida social grande.
Eu vejo como um partido que entendeu as prerrogativas do Mano e que vê
no Mano uma peça diferente que completa o partido, satisfeito com a índole
e a proposta séria de desenvolvimento da maneira correta que espero pro
RS.
E como ficou a vida de músico?
A música é minha terapia, minha paixão, não tem
como largar o palco. Nos fins de semana, quando tem show, é meu psiquiatra,
eu esqueço os problemas e vou ali para cantar, divertir as pessoas e
me divertir muito, me completar como ser humano. Existe o Mano Changes músico,
o parlamentar e o Diogo Bier, a pessoa física. Eles são muito
parecidos, mas cada um se coloca de um jeito apropriado para cada conduta. O
Mano Changes músico é mais irreverente, o parlamentar é
o idealista, que quer ajudar, contribuir, quer fazer coisas e o Diogo quer ter
sua família. Acabo oscilando por essas três personalidades, mas
elas se completam para que a gente siga nessa batalha da vida. Uma carrega a
bateria da outra e os shows continuam. Basta que entrem em contato e peçam
show da Comunidade.
Com a Comunidade Nin-Jitsu, Mano Changes faz sucesso misturando hip hop, funk,
reggae, eletrônicos e guitarras, assinando clássicos como “Detetive”
e hits como “Chuva
nas calcinha”.
Comunidade Nin-jitsu.
Do fotolog comunidade ninja.
Confira a agenda de shows da Comunidade Nin-Jitsu:
31/05 - São Leopoldo
10/06 - Carazinho
20/06 - São Sebastião do Caí
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