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Literatura

Procurando respostas lá longe (ou dentro do coração)
Celso Sisto

Muitas histórias além de nos encantarem e divertirem, também nos ajudam a pensar.

Os contos populares são esse tipo de histórias e podem falar diretamente para um público enorme, desde uma criança, até os mais velhos. São histórias que as pessoas contam, num determinado lugar, mas ninguém sabe exatamente quem as inventou, nem quando. E elas vão passando de boca em boca, de ouvido em ouvido, de memória em memória, e assim se perpetuando.

Pois este livro traz 14 histórias curtas da Índia. São contos antigos, muito antigos, tão antigos que essa noção de tempo se perdeu (e nem faz falta!). Mas com eles, podemos ficar sabendo muitas coisas sobre essa cultura milenar. Dá pra ver que o modo de vida e os costumes são muito diferentes dos nossos, que os deuses são outros, que a maneira de aprender é direta e simples, que os trajes são fulgurantes e confortáveis, e tantas coisas mais. E que bem ou mal, ainda predominam os bons sentimentos. E que a grande aventura humana é transformar-se a si mesmo!

Os títulos das histórias são diretos e de certa forma já explicam um pouco as histórias que vão contar: “a serpente e o vaga-lume”; “a esperteza da morte”; “o mendigo e o banquete real”; etc. Ás vezes o tom é sério, às vezes é de humor, às vezes é festivo, às vezes nos engana com o inesperado! Mas sempre com o compromisso de também nos fazer refletir, e quem sabe, tirar uma lição!

Pode causar surpresa saber que provavelmente é de origem indiana, uma história muito conhecida por aqui, a fábula “O velho, a criança e o burro”. Nas versões mais conhecidas no ocidente, o título troca criança por menino e tem um final menos trágico. Essa história popularizou-se como fábula de Esopo, o fabulista grego do século VI a.C. Mas, segundo a própria história da fábula, da Índia elas passaram para a China, para o Tibet, para a Pérsia, até chegarem na Grécia, com Esopo. Há quem acredite que as fábulas indianas, reunidas no Pantchatantra (a mais antiga e conhecida coleção de fábulas indianas), são muito anteriores ao século III a.C., e tão antigas quanto a própria língua sânscrita. A índia tem 23 línguas oficiais e o sânscrito é uma delas.

O panteão dos deuses é outra curiosidade nestas histórias indianas. Há deus pra tudo, inclusive para a mentira, que se chama Mara. E entre reis, primeiros-ministros, cortes, salas reais, sábios e mendigos, ficam ecoando os nomes de Shiva e Ramakrishna, respectivamente o deus da destruição (ou transformação, embora benevolente e portador de toda a alegria) e o mensageiro de Deus, transbordante do amor e da sabedoria divinos.

As histórias do livro querem falar de coisas como intolerância, inveja, vaidade, perdão, obediência, ponderação, hierarquia, igualdade, transformação, ilusão, felicidade e outros tantos temas que podemos descobrir em cada nova leitura. Em geral, todas as histórias do livro falam da busca da verdade, que se liga ao conhecimento, à sabedoria, ao sentido da vida. Mas não se espante! Tudo com simplicidade, colorido, e até, leveza! E até pra ficarmos pensando se concordamos ou não!

De todo modo, estão ali também mais coisas curiosas: os mestres e os discípulos, os anciãos e os ensinamentos; as cidades e os palácios; os mercados e os animais sagrados. Quem nunca ouviu falar em Taj Mahal, o palácio que o imperador Chah Jahan mandou construir para homenagear a beleza de sua esposa amada? E Calcutá? E o rio Ganges? E as meditações na posição de lótus, embaixo de uma árvore frutífera?

Preparem-se então, para este passeio entre as cidades antigas de Agra, Madras, Bangalore; para um encontro com Yama, o deus da morte ou com o príncipe Sidharta, na forma de Buda, o ser desperto e iluminado ou com Brahma, o deus criador; em Kailas, na montanha; num ashram, lugar onde os mestres ensinam seus alunos ou ao redor da árvore sagrada Bo.

E livre-se do peso opressivo do tempo! Ele ou não conta ou passa assim, num piscar de olhos, como na história “O buscador da verdade”. De um parágrafo a outro, podem ter se passado 13 anos ou uma vida inteira!

As ilustrações também nos remetem para uma explosão de cores, todas vibrantes, de vermelhos, amarelos, laranjas, verdes, roxos. E contrastando sempre com o fundo branco, que amplia ainda mais a vibração das cores.

O autor é premiado. O livro também. Recebeu o prêmio de “o melhor livro de reconto” de 2008 da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, e está na lista dos 30 melhores livros de 2008, divulgada pela revista Crescer.

O convite está feito. Mas não se esqueça, para mergulhar nesse mar de histórias é preciso estar inteiro, de corpo e alma.


BRENMAN, Ilan. As 14 pérolas da Índia. Ilustrações de Ionit Zilberman. São Paulo, Brinque-book, 2008. 60pp.


06/08/2009

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  Celso Sisto

Celso Sisto é escritor, ilustrador, contador de histórias do grupo Morandubetá (RJ), ator, arte-educador, especialista em literatura infantil e juvenil, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Doutor em Teoria da Literatura, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e crítico literário de várias colunas dedicadas à literatura infantil e juvenil, na mídia impressa e on line.

csisto@hotmail.com
www.celsosisto.com/
twitter.com/celsosisto


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