A relação entre escritores e ilustradores no mercado editorial foi o tema do 13º Papo de Artista, promovido pelo Portal artistasgaúchos, ocorrido na casa do Pensamento, Armazém A do Cais do Porto, durante a Feira do Livro. O encontro contou com a participação dos ilustradores Salmo Dansa e Rosinha Campos e das escritoras Chistina Dias e Ana Mello. A mediação foi de Marcelo Spalding, editor do Artistas Gaúchos.
No painel, os participantes contaram suas experiências no mercado editorial, demonstrando que a forma de trabalho entre escritor e ilustrador varia muito. Há casos em que ambos conversam antes da ilustração, outros em que o editor não permite nenhum contato e até mesmo casos em que o ilustrador sugere outro final para o escritor.
Outro tema abordado foi a remuneração do trabalho dos artistas. Os ilustradores costumam ganhar um cachê pelo trabalho, mas ficam com pequena parte de direitos autorais (em torno de 2%), mesmo em grandes vendas, como as vendas de governo, enquanto os escritores ficam com a sobra dos 10% (em torno de 8%), mas não recebem cachê inicial pelo trabalho realizado. O consenso é que a remuneração do ilustrador deveria ser maior, mas sem prejudicar a remuneração do escritor, o que não é fácil em razão da altíssima fatia das distribuidoras e livrarias nesse processo (50% a 6º%).
Nas considerações do painel ficou também expressa a idéia de que existe uma espécie de “novo gênero”, que é o livro ilustrado, pois o próprio formato do livro traz consigo uma “potencia narrativa” que é diferente daquela sem a ilustração. Também não se trata de valorizar mais ou menos os artistas envolvidos. A escritora Christina Dias (christinadias.blogspot) destacou a importância da triangulação escritor/ilustrador/editor. A ilustração, a diagramação, enfim o design gráfico, tudo isso é essencial para um bom livro. Outra constatação é que não dá para pensar literatura para a infância sem pensar em ilustração. A autora disse que, infelizmente, não há uma escola de ilustração entre nós. Ela acredita que é importante para o autor do texto conhecer o ilustrador e discutir com ele o melhor efeito para o livro. Ana Mello (minicontosanamello.blogspot.com) concorda, mas acredita que a internet leva muito mais longe a escrita do que a publicação em papel. Ainda assim aceitou o convite que lhe fez a Casa Verde e aderiu ao livro impresso, que trouxe para esta Feira. Ana afirmou que estabelece uma estreita relação com a ilustradora de seus livros, pois a capa do livro é já a primeira leitura e super importante na edição.
Os ilustradores Salmo Dansa e Rosinha Campos falaram sobre seu processo de criação, avaliando a narrativa conforme a idade do leitor, pois a imagem não é só um complemento, mas um diálogo. Para ambos, o texto dos autores é sempre desafiador e, muitos fatores influenciam quem ilustra. “Estamos vivendo um momento de transformação. Não há ainda um pensamento construído, um posicionamento, um consenso da classe. Esta é uma discussão nova, mas todos acreditam que o livro é um objeto único, indivisível, onde os envolvidos têm o mesmo peso e o mesmo objetivo que é alcançar e cativar o leitor.
Como eu gosto de perceber que esse debate começou pra valer. Vamos montar para 2010 um grupo para discutir mais profundamente esse tema? Christina Dias, poa/rs20/11/2009 - 11:14
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