Se fossemos definir Lúcia Bendati, atriz e diretora gaúcha, em uma só palavra, poderíamos dizer que ela é uma batalhadora, sob todos os aspectos, pela seriedade com que encara suas personagens e o seu trabalho, de modo geral, mas também poderíamos usar: persistência, sobriedade e dedicação, para resumir o sucesso de sua carreira.
Vencedora do prêmio Tibicuera de Teatro Infantil, em 1998 e 2000, como melhor atriz, por “Gnomos” e “Pluft, o Fantasminha” respectivamente, também foi indicada como atriz coadjuvante, em várias outras edições desta premiação. Formada em Interpretação Teatral pelo DAD, Departamento de Artes Dramáticas da Ufrgs e Pós-Graduada em Design de Moda, pela ESPM-RS, já encenou espetáculos dirigidos por grandes nomes do nosso Teatro, como: Luciano Alabarse, em “Medéia”, Roberto Oliveira, em “Boca de Ouro”, Bimo Sauitzvy, em “All That Fall”, Nestor Monastério, em “Gnomos”, Gilberto Fonseca, em “A Canção de Assis” e Paulo Guerra, em “Dona Gorda” e “Rainha do Lar”, entre muitos outros.
Está completando 12 anos de parceria com a Companhia Teatro Novo, do diretor Ronald Radde, onde interpretou dezenas de personagens, em vários espetáculos infantis, com destaque para: “A Pequena Sereia”, “Peter Pan”, “Pinóquio”, “Patinho Feio” e “Os Saltimbancos”, numa carreira que iniciou-se em 1986. Atualmente faz parte do elenco do infantil “A Menina das Estrelas”, da comédia “Cama de Casal & ¼ de hóspede”, do diretor Ronald Radde e “O Avarento”, do Grupo Farsa, dirigido por Gilberto Fonseca, um grande sucesso de público e de crítica.
Reissoli - Oi Lucinha, tudo bem? Eu queria dizer que, sempre é um prazer te ver em cena, e é sempre um aprendizado trabalhar contigo.
Lúcia Bendati – Muito obrigada, Reissoli.
Reissoli – Bem, o que você achou destas definições? É preciso ser tudo isso para alcançar o sucesso, ter o reconhecimento dos colegas, da classe Teatral e até do público?
Lúcia Bendati – (risos) Puxa, gostaria muito de ter essa resposta. Não acho que tenha alcançado “o” sucesso, com “o” maiúsculo. Até porque acho isso muito relativo. E também não estou me queixando. Reconhecimento e respeito dos colegas assim como do público, é fruto sim de muita dedicação e seriedade no trabalho. E entenda-se seriedade como levar a sério, respeitar o ofício de ator. Eu muitas vezes aparento uma seriedade exagerada no trabalho, mas é exatamente o reflexo da minha preocupação com o respeito ao nosso ofício. Por mais que com o passar dos anos, muitos pré-conceitos acerca do trabalho do ator estejam se esclarecendo, ainda existem aqueles que acham que nossa vida é uma “gandaia” irresponsável. E nós sabemos o quanto isto nos custa.
Reissoli – O teu trabalho como atriz é desenvolvido de forma metódica, com muita técnica e concentração naquilo que você faz. De onde vem essa concepção de trabalho?
Lúcia Bendati – Vem de um somatório de coisas. A forma metódica provavelmente seja oriunda das várias casas em Virgem que tenho no meu mapa astral (risos). Tenho completa consciência de que sou meio “maniática” com a minha organização pessoal e provavelmente levo isso para o profissional. A concentração, fui desenvolvendo pela necessidade do trabalho, não sei definir em que momento nem como ela se aguçou, mas percebo que com o passar do tempo ela foi se tornando um pouco mais fácil de “ativar” e absolutamente necessária para o fazer teatral. Quanto à técnica, cada espetáculo me exige coisas diferentes. Vou abrindo a minha bagagem e pinçando para cada personagem coisas aprendidas aqui e ali. E aprendi – e sigo aprendendo – em todos os lugares e a todo o momento, seja na faculdade de Cênicas, seja em oficinas, com novos diretores, em cena com os colegas ou na rua, observando as pessoas. Na verdade não tenho uma sistemática e procuro me adaptar ao processo de cada nova montagem.
Reissoli – Ao longo de sua carreira você trabalhou com muitos atores consagrados e também alguns iniciantes. Qual a base para se ter um bom desempenho de atuação e um bom espetáculo? O que você diria para quem esta iniciando no Teatro ou deseja entrar para as Artes Cênicas?
Lúcia Bendati – Disponibilidade, generosidade, informação, respeito e dedicação. São algumas posturas necessárias para se iniciar qualquer trabalho, principalmente o de atuação. Seja trabalhando com nomes “consagrados” ou “iniciantes” é preciso uma pitada disso tudo. Num elenco heterogêneo no que diz respeito à experiência teatral, aprende-se, troca-se ensina-se a todo o momento. Quem entrar num barco assim de salto alto, vai afundar o barco. Quanto a bons desempenhos e bons espetáculos, não há fórmula, principalmente porque o “bom” e o “ruim” são relativos. Fundamentalmente acredito na honestidade de uma produção. Quando vejo um trabalho honesto, reconheço o seu valor e normalmente são estes os trabalhos que atingem um bom resultado. E para formular um projeto honesto, é preciso saber aonde se quer chegar, o que se quer dizer, saber do que se está falando. Neste ponto entra este quesito “dedicação” que envolve muito estudo, pesquisa, informação sobre aquilo que será encenado.
Reissoli – O povo do Rio Grande do Sul sempre se orgulhou de sua cultura, de ser um Estado politizado e que valoriza a educação, a leitura, a ética e etc... Esse orgulho e essa valorização, no seu ver, também se estende ao Teatro gaúcho?
Lúcia Bendati – Eu tenho muito orgulho do teatro feito aqui. Do que vejo e do que faço. Bons e maus trabalhos acontecem em todo o lugar, e quanto a isso, o Rio Grande do Sul não é exceção. Mas gradualmente percebo que o povo gaúcho começa a valorizar mais sim, o teatro feito aqui. Basta perceber o público que acorre aos teatros no Porto Verão Alegre, festival essencialmente de teatro gaúcho. Não estou dizendo que atingimos um público ideal, pois isso só poderia ser dito se o mesmo público que assiste ao teatro gaúcho no verão, fizesse presença durante o decorrer do ano. Mas com certeza o público tem valorizado mais o teatro feito aqui. E se compararmos aos espetáculos vindos de fora, levando em conta, é claro, a cultura daqui e de outro lugar, perceberemos que não deixamos a desejar em qualidade. O que é excepcional, será sempre excepcional, em qualquer parte do mundo.
Reissoli – Quando você iniciou sua carreira, em 1986, vivíamos num país diferente, com outras expectativas, até mesmo para o Teatro. Como foi esse seu início? Você tinha expectativas e a ideia de chegar onde chegou ?
Lúcia Bendati – Eu tinha 18 anos, não sabia bem o que queria fazer. Comecei a fazer teatro porque eu gostava, não tinha maiores formações. Fui fazendo. E gostando cada vez mais e percebendo a necessidade de me profissionalizar e de levar isso a sério. Mas comecei de forma diferente. Caí direto numa Cia. (o Teatro Novo) que já tinha 18 anos de trajetória e já no primeiro ano fiz dois espetáculos profissionais. Com um deles, fizemos 250 apresentações naquele ano. A minha formação acadêmica começou somente seis anos depois, mas sempre faço questão de dizer que a bagagem que adquiri naqueles primeiros seis anos de fazer teatral é impagável. Mesmo trabalhando com um só diretor até então e fazendo poucas oficinas pois me sobrava pouco tempo e buscando leituras por conta própria, a “cancha” ou “tarimba” que adquiri me apresentando pelo Rio Grande do Sul afora, levando teatro a quem nunca havia tido essa experiência, é algo que não se ensina em escolas de arte ou livros, só os poros da gente conseguem apreender.
Mas sim, era um outro momento de Brasil e da minha vida. Respondendo objetivamente, não sabia aonde chegaria não. As minhas certezas pela profissão de atriz foram amadurecendo junto comigo.
Reissoli – Em termos de carreira profissional, qual importância do DAD (Departamento de Artes Dramáticas da Ufrgs), na sua formação? Na tua opinião, a Universidade cumpre o seu papel, a nível de formação de profissionais?
Lúcia Bendati – Particularmente o DAD foi muito importante sim na minha formação. Tive contato com professores que foram definitivos na minha carreira. Que me mudaram mesmo, abriram leques na minha percepção artística. E eu só poderia encontrá-los se estivesse ali. Uma lista de nomes, entre eles Irion Nolasco, Maria Lucia Raymundo, Graça Nunes, Gina Tocchetto, Mirna Spritzer, Ida Celina, Ciça Reckziegel, Alziro Azevedo, Marlene Goidanich, isso só pra citar alguns. Mas nada é perfeito. Assim como acredito que em outros cursos formam-se bons e maus profissionais, no DAD não é diferente. Eu penso que cada um deve buscar sempre mais coisas fora. A faculdade não vai te dar tudo. O ator (e na verdade qualquer profissional) deve ser um inquieto por natureza. Andar com os radares ligados. E buscar sempre absorver o que puder à sua volta.
Reissoli - No seu entendimento, o Festival Porto Alegre em Cena é uma vitrine para os Atores Gaúchos e os nossos espetáculos ou ainda falta valorizar um pouco mais nosso trabalho?
Lúcia Bendati – É com certeza uma vitrine, pois é um Festival muito respeitado dentro e fora do Brasil. E o que tem acontecido ano após ano é que os espetáculos locais têm sido cada vez mais assistidos dentro do POA EM CENA, o que nos coloca em importância maior dentro da lógica de quem compra ingressos para o festival e isso é ótimo. O que ainda não conseguimos é que um número maior de espetáculos locais seja selecionado para cada edição do festival. Como também já trabalhei dentro do festival, entendo que não é uma tarefa fácil agradar gregos e troianos e que numa grade de um festival que tem apresentado uma média de 70 espetáculos a cada edição, acomodar todas as produções locais inscritas também não seria possível. Mas, se nós artistas locais apresentássemos alternativas para uma maior inserção junto ao POA EM CENA, acredito que seria bem recebido pela produção do festival. Sempre penso que apresentar sugestões é mais atuante do que reclamar apenas.
Reissoli - Nessa sua trajetória, de mais de 20 anos de carreira, quem foram as pessoas que contribuíram para sua formação, tanto a nível pessoal, quanto artístico ?
Lúcia Bendati – Bom, eu venho de uma família de jornalistas e amantes da Arte. Meu pai até pisou nos palcos argentinos, fez fotonovelas por lá, era desenhista, cartunista, chargista. A mãe, mais na plateia, mas sempre gostou muito de teatro, dança, música. Eles com toda a certeza foram meus maiores incentivadores. E minha mãe por ser editora de jornais e rádios, conhecia muito o pessoal de teatro que vinha divulgar seus trabalhos. Foi daí que eles me deram o primeiro empurrão para trabalhar na Cia. Teatro Novo, pois conheciam o Radde dessa função de divulgar os trabalhos dele, já desde os tempos da ditadura. E dali pra frente, todos os nomes que já citamos, todos os diretores que me dirigiram, os professores do DAD, os colegas de palco. Não vou lembrar de todos os mais importantes, e provavelmente vou gerar mágoas se citar um ou outro. Mas posso garantir que internamente não esqueço de ninguém. Dos primeiros colegas de cena até os mais recentes. Cada um é importante (os virtuosos e os nem tanto) pois contribuem cada um a seu jeito com a minha formação.
Reissoli – Pois é ...recentemente tivemos a perda de seu pai, Anibal Bendati, um grande homem, jornalista, professor, agitador cultural, gráfico, chargista e entusiasta, que conviveu com pessoas como: Luiz Fernando Veríssimo, Edgar Vasques, Santiago, entre outros, e com quem você tinha uma afinidade e uma cumplicidade muito grande. Como foi superar a dor, segurar a emoção, abraçar os colegas e subir ao palco, para encenar o espetáculo “O Avarento”. Tudo ao mesmo tempo. De onde veio toda esta força?
Lúcia Bendati – Pois é. Não sei “de onde veio”. Foi um momento difícil e bem carregado. Meu pai já estava internado há nove dias, estreamos “O Avarento”, fui ao hospital de madrugada e na manhã seguinte ele faleceu. E na hora eu só pensei que o meu pai, humorista e incentivador da minha arte, não gostaria que eu me trancasse pra chorar em casa. Falei com minha irmã, para que a cerimônia ocorresse no final de tarde, e fui pra o palco, que é onde me sinto mais acolhida, pra tentar transformar aquilo tudo em algo bom, uma homenagem, algo elevado. E foi muito mágico. Pra mim ao menos foi. Parecia que meu pai, meu anjo porteño, estava ao meu lado me protegendo. Não sei o que as pessoas de fora sentiram, mas na minha lembrança foi minha melhor atuação até hoje, nunca me senti tão inteira como naquela apresentação. E foi como se naquele atuar, eu estivesse mandando para o meu pai, um feixe de luz.
Reissoli – De todos os seus trabalhos, você sente saudade de algum?
Lúcia Bendati – (risos) Nossa... de muitos. São como filhos né? A gente cria, se apega, mas também tem que deixar eles irem, e cuidar dos novos... As vezes é bom visitá-los anos depois...
Reissoli - Com quem você gostaria de trabalhar, que ainda não trabalhou?
Lúcia Bendati – Sinceramente? Com todo mundo. Ou quase todo mundo (risos). Ah, eu não vou citar nomes não. Porque acho que tem muita gente boa que se acha. E isso eu não curto. Acho que a qualidade maior dos bons artistas é uma certa humildade. Pausa. “Certa humildade” não significa baixar a cabeça nem se subestimar. Não sou uma coitadinha e nem conseguiria, pois sou bem escorpiana quando precisa. Mas infelizmente tem gente ótima que eu não gostaria de trabalhar porque se acha bom demais. E ao mesmo tempo, talvez eu ache isso porque não os conheço bem, enfim. O que eu posso dizer com clareza é que eu adquiri um hábito que tem me dado bons frutos. Quando encontro casualmente alguém que eu gosto muito do trabalho e quero trabalhar, eu digo: me chama, que quero trabalhar contigo. Graças a Dionisos tem dado certo. Porque as pessoas também nem sempre sabem que tu estás disponível. E eu sempre estou aberta. A experimentar outras linguagens, outros diretores, outros colegas. Não digo não sem experimentar. Nunca disse. Pra nada (risos).
Reissoli – Com relação a Porto Alegre, ela tem te dado tudo que você deseja, em termos de carreira, ou você sente a necessidade de buscar novos caminhos? Porto Alegre é demais?
Lúcia Bendati – Eu amo Porto Alegre. Mas sempre quero mais. Não tenho do que reclamar da cidade. Mas sempre vou querer mais. O único sonho que Porto Alegre ainda não me deu foi de criar um grupo aqui. Teatro de grupo mesmo. Da forma como eu acredito. Mas eu não desisto, não desisti nem de Porto Alegre nem deste sonho. Por isso posso até sair, transitar por outros ares, mas sempre vou retornar para a minha terra e batalhar pelo meu sonho.
Reissoli – Ainda que tenham se passado 20 anos, desde seu início nas Artes Cênicas e muita coisa tenha acontecido. Há espaço para pensar em abandonar a carreira ou trabalhar em outra área da cultura, além dos palcos?
Lúcia Bendati – Abandonar a carreira nem pensar. Outras áreas talvez. Pra falar a verdade, é algo que sempre penso, mas atuar é realmente minha paixão.
Reissoli – Você já encenou dois monólogos, “Rainha do Lar” e “Dona Gorda”, ambas com direção de Paulo Guerra. Como foi encarar a plateia sozinha, totalmente solitária? Não dá um frio na barriga?
Lúcia Bendati – Nossa, e como dá. Levei 15 anos para ter essa coragem. É uma experiência ímpar. Não dá pra passar a bola pra ninguém. É tu e tu. Mas é maravilhoso. Uma prova de fogo que dá muito prazer.
Reissoli – Durante sua carreira você realizou alguns trabalhos de direção e assistente de direção. Como foi realizar estes trabalhos? É melhor dirigir ou ser dirigida ?
Lúcia Bendati – É ótimo dirigir. Mas acredito que seja melhor quando não se é ator. E isso é uma opinião muito minha. Porque a agonia de assistir ao que tu dirigiu e não poder estar ali junto, maltrata um ator (risos). Mas o processo, até a estreia, eu adoro. Gosto muito de entrar na cabeça do ator que eu dirijo e perceber como ele raciocina, qual sua lógica, como as coisas se montam dentro da cabeça dele num processo de criação. Isto é algo que me instiga muito.
Reissoli – Você transita com facilidade junto ao público infantil, como também em espetáculos adultos. Qual a principal diferença entre um trabalho e outro, tanto na sua construção, quanto na apresentação. Qual dos públicos é o mais exigente?
Lúcia Bendati – Bom, eu adoro teatro infantil, porque me acho meio criança mesmo. Acho que a grande diferença dos dois tipos de espetáculo é que a criança vai ao teatro mais disponível, é mais autêntica, mais imediata. Se não gostou perde o interesse, se gostou, pronto, ta entregue e viaja contigo. O adulto – generalizando, é claro - já está moldado e tem posturas e atitudes sociais que o “endurecem” mais e nem sempre vai aberto a uma sala de espetáculos. Se gosta, se entrega mais e se não gosta, não manifesta senão frieza. O adulto tem mais “vergonha”. Digamos que já foram adestrados e as crianças ainda não. Mas nenhuma destas diferenças interferem no que eu acho crucial. Em ambas as situações, o que vale é a verdade em cena. Se em cena o que acontece é “verdadeiro e real”, se o espetáculo é coeso e intenso, se o que está sendo apresentado convence, tanto o adulto quanto a criança sairão tocados do teatro. E pelo menos a meu ver, é o que se busca.
Reissoli – Você vê nas leis de fomento a cultura, tanto a nível municipal, estadual ou federal um caminho para a montagem de espetáculos? Elas ajudam realmente quem precisa de recursos ou ainda necessitam melhorar? Há boas expectativas com relação ao lançamento do Vale Cultura e o CulturaPrev? Isso ajudará quem trabalha na área?
Lúcia Bendati – Com certeza as leis de fomento a cultura são um caminho para a montagem de espetáculos. A montagem de “O Avarento”, do Grupo Farsa, do qual participo, só foi possível quando recebemos o Premio Funarte Myriam Muniz de Fomento ao Teatro/2008. Sem esse prêmio não seria possível a finalização do espetáculo. Claro que sempre haverá ajustes a serem feitos e é isso que percebo que a classe teatral vem buscando. Mas é um trabalho árduo e de muita paciência. Só não podemos desistir. Quanto ao CulturaPrev, acredito ser uma ótima conquista para os profissionais da nossa área. O Vale Cultura é também uma ótima iniciativa, mas por si só não basta para nós, artistas. É uma semente que foi plantada, porém há muito ainda que se trabalhar para que esse recurso resulte em maior público para as artes cênicas.
Reissoli – Muitos artista reclamam da falta de apoio, tanto da iniciativa privada, quanto dos governos, da falta de espaço, da falta de reconhecimento, tanto da mídia, com relação ao trabalho do ator gaúcho, quanto do público, ou da falta dele, e etc..., etc... e etc...Isso acontece mesmo? Passamos por uma crise ou esse tipo de reclamação faz parte?
Lúcia Bendati – É um pouco de tudo, acredito. Passamos por uma crise, é claro. Num sentido geral inclusive. E o apoio ainda é escasso para tanta coisa que poderia ser feita. A falta de espaço é uma realidade cruel. Em vários níveis. Tanto na falta de salas para espetáculos quanto de locais de ensaio. Tudo isso acontece. E é lógico que faz parte reclamar. É a única maneira de ser escutado e tentar mudar isso tudo. Por sorte é da nossa essência soltar o verbo. Não vamos parar de tentar conseguir mais espaço e reconhecimento. De buscar mais apoio junto ao governo. Já conquistamos muitas coisas, e não podemos parar e cruzar os braços. Se não formos atrás, ninguém vai se compadecer dos pobres artistas que estão abandonados.
Reissoli – Teremos em breve um novo espetáculo com Lúcia Bendati? Qual a sua expectativa para os próximos trabalhos?
Lúcia Bendati – Ainda estamos colhendo os frutos do espetáculo “O Avarento” que estreou em agosto e fez apenas uma temporada. Viajaremos agora em novembro com espetáculo pelo interior do estado, no circuito do SESC e queremos voltar em temporada no ano que vem. Este espetáculo é o primeiro de um projeto do Grupo Farsa intitulado “As Três Batidas de Molière”, com direção do Gilberto Fonseca. “O Avarento” foi a primeira “batida” e as próximas duas serão “Tartufo” e “As Preciosas Ridículas”, ainda não definimos a ordem delas. Isso de certo e concreto. Fora a continuidade dos espetáculos que estreei este ano, dos meus monólogos e do que quiser aparecer. Que venham os convites! (risos)
Reissoli – Então, Lúcinha, boa sorte ! Muito obrigado pela entrevista e, sucesso na sua carreira !
Lúcia Bendati – Muito obrigada a ti, querido! E parabéns pela tua iniciativa! Sucesso para todos nós.
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