O show de Porto Alegre não fez jus à artista e seu ótimo disco Memphis Blues
Teatro modestamente cheio, sem muito burburinho na cidade, turnê de blues, gênero não muito popular no Brasil, mas um ícone da música pop nos anos 80 estaria no palco. A cantora Cyndi Lauper encerrou em Porto Alegre sua turnê brasileira "Memphis Blues", promovendo o 11ºálbum da sua carreira, ela visitou sete cidades e fez oito shows no país.
Quando a luz se apagou, Cyndi e sua banda (Stephen Gaboury, piano; William Paul Wittman, baixo; Willie Toles, guitarras; Stephen Potts, bateria; Archie Turner, teclados e a convidada especial Lan Lan, percussionista brasileira que tocou ao lado de Cassia Eller) entraram no palco, eu estava ansiosa por assistir a voz peculiar e estridente de Lauper num gênero musical que preza por um ritmo, estrutura e sonoridade singulares. Lauper cantou hits antigos em meio às novas canções. Ela abriu o show com o mais recente single, "Just your fool".
As primeiras músicas foram sofridas, não havia a sintonia entre a artista e o público, que demorava a entender essa nova roupagem da cantora. Quando o primeiro sucesso antigo, “All Through the Night”, suou descompassado e desafinado, meus ouvidos ficaram angustiados em ouvir uma artista importante nessa situação. A banda, que pisava firme no terreno do blues, não se entrosova nos sucessos pop, como "The Goonies R Good Enough" ou "Girls Just Want To Have Fun". As canções funcionaram melhor quando Lauper as fez em formato solo como “True Colors” e “Time After Time”.
Na oitava música, “Lead Me On”, as coisas pareciam melhor, mas nada brilhante. Às vezes uma banda desatenta e que parecia estar ensaindo no palco ao invés de improvisar (traço característco no blues e no jazz) pelo motivo certo. Houve solos que começaram empolgantes, mas depois pareciam se repetir sem muita criatividade artística. Lauper estava atenta em dar espaço aos seus músicos, mostrando a compreensão musical do que estava acontecendo. Suas notas agudas funcionaram, apesar de sua voz não ter tido tanta constância durante o show. “Time After Time”(1983) foi o auge do espetáculo, com casais dançando junto, mas o show na capital gaúcha foi desanimador e inferior ao talento da cantora e ao recente disco.
Cyndi Lauper estreou no cenário da música pop em meados da década de 1980, com o lançamento de seu primeiro álbum solo “She's So Unusual” e veio à transformar-se na primeira mulher do mundo a ter cinco singles de um mesmo álbum na parada de sucessos da revista americana Billboard. Lauper já vendeu cerca de 30 milhões de discos no mundo. Entre altos e baixos de sua carreira, aos 57 anos, a cantora decidiu ousar pelo caminho do blues. Em entrevistas, ressaltou a importância do gênero como a origem musical do rock, do jazz e da música popular como um todo, além da sua antiga vontade em cantá-lo. Buscando novos caminhos, Lauper procura se reinventar e não se deixar ser engolida por um passado glorioso, como muitos artistas contemporâneos que vivem de ruminar sucessos antigos.
Memphis Blues – O álbum
Em junho de 2010, Cyndi lançou Memphis Blues, álbum de regravações de clássicos do blues nomeado ao Grammy Awards de 2010 na categoria Best Traditional Blues Albume eleito o sétimo melhor álbum de 2010 pelo jornal New York Post. Produzido por Scott Bomar, o CD conta com a participação do gaitista Charlie Musselwhite, do pianista Allen Toussaint, do cantor e guitarrista B.B. King, do guitarrista Jonny Lang, da cantora Ann Peebles e do saxofonista brasileiro Léo Gandelman. O disco vendeu mais de 15 mil cópias na semana de lançamento, conquistando a terceira melhor posição da carreira de Cyndi Lauper. O álbum é considerado um sucesso para o gênero, uma vez que permaneceu 14 semanas em primeiro lugar na parada de blues da Billboard.
Nome do disco e da turnê de Lauper, Memphis bluesé um estilo de música blues criado durante as décadas de 1920 e 1930 por músicos da cidade de Memphis, nos EUA.
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