O premiado músico nativista narra as aventuras com o grupo Cavaleiros da Paz
Por KYANE SUTELO
Com mais de 300 prêmios de festivais tradicionalistas nacionais e internacionais, o itaquiense Elton Saldanha também coleciona muitas histórias. Mais de 50 anos depois, o menino, que começou a compor com um violão de madeira e fios de pesca, é um ícone da música nativista do Rio Grande do Sul. Amante da cultura gaúcha, ele ainda integra a diretoria do Cavaleiros da Paz, um grupo que desbrava o mundo a cavalo, trocando experiências com outros povos. Elton conversou com o Unimundo e contou detalhes das cavalgadas e dos próximos projetos.
Kyane – Como surgiu o projeto Cavaleiros da Paz?
Elton Saldanha - O Cavaleiros da Paz é um projeto criado dentro do instituto folclórico, no fim da década de 80. Eu, o Nico Fagundes e o Rodi Borghetti, que éramos da direção, resolvemos aceitar o desafio de um alegretense, de realizarmos cavalgadas em outros países, pois percorríamos apenas Porto Alegre e o litoral. Hoje, o grupo já tem mais de 20 anos de cavalgadas bem ousadas, como as de Portugal, Bolívia, Chile, Canadá e África. Temos, inclusive, a honraria de Grupo Consular do Rio Grande do Sul.
Kyane – Qual foi a cultura mais receptiva?
Elton Saldanha - Pelos aspectos culturais nativos e pela maneira histórica foi da África, pois lá cavalgamos com africanos de origem europeia e nativos, e eles nos receberam com rituais e festas que foram de emocionar.
Kyane – Tem alguma história marcante de alguma das cavalgadas?
Elton Saldanha - A historia mais forte aconteceu na Cordilheira dos Andes, quando o guia insistiu em atravessar em um lugar impróprio e dois cavalos ficaram presos em uma areia movediça. Nós nos sentimos impotentes, pois com o 0º da noite, os animais morreriam congelados. Um cavaleiro propôs que tirássemos os cavalos com as mãos, mas quando entramos, eles se batiam apavorados, enterrando-se cada vez mais. Alguém decidiu tirar os arreios e produzimos uma espécie de corda. Neste momento os cavalos, cansados, se deitaram e conseguimos tirá-los, após 3 horas. Isso demostrou a união do grupo.
Kyane – Como é a relação dos povos com os cavalos?
Elton Saldanha - Nós notamos que todos os povos antigos tem a equitação como referência em sua cultura, e ainda se identificam com o cuidado, criação e convívio com o animal. Apesar de sermos diferentes, cabe a nós respeitarmos as maneiras de cavalgar de todos os países, durante a estadia.
Kyane – Qual a expectativa para a próxima cavalgada?
Elton Saldanha - Talvez seja a mais ousada até então. Na Mongólia (Ásia) todas as tribos se locomovem a cavalo e para nós vai ser um desafio visitar um local onde a cultura do cavalo é a maneira contemporânea de eles transitarem.
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