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Escritor paranaense estreia na literatura com história sobre astronomia para o público adolescente
Graziana Fraga

Adnelson Campos é administrador, especialista em gestão empresarial pela ESAG/UDESC e especialista em Gestão e Auditoria Ambiental pela FUNIBER. Trabalha na Petrobras desde 1986, onde exerceu diversas funções gerenciais. Atualmente é gerente de mineração da Unidade de Industrialização do Xisto em São Mateus do Sul (PR). Casado com Denise, pai de Lucas, Vinícius e Helena, começou a escrever histórias de ficção em 2012, com alguns textos selecionados e publicados em antologias impres­sas e digitais. Nesta entrevista ele fala sobre seu primeiro livro, “Histórias que as estrelas contam – um pouco de astronomia para adolescentes”.



Quando surgiu a vontade de tornar-se um escritor? 

Sempre gostei de escrever. O momento da redação era o meu preferido na escola. Lembro-me bem do dia, no quarto ano, em que a minha professora, Dona Angelina, fixou no quadro negro uma fotografia de um belo jardim, com os edifícios de uma cidade grande ao fundo e nos pediu que descrevêssemos o que estávamos vendo. Gostei da experiência.

Alguns anos mais tarde, com treze anos de idade, eu comecei a trabalhar numa tipografia exercendo a função de chapista, compondo os textos escritos por outras pessoas. Devido à minha formação de nível médio e superior, passei a redigir textos técnicos, escrever padrões, correspondências profissionais, emitir relatórios, muitos relatórios. Elaborei três trabalhos de conclusão de curso. Sempre pensei que o meu primeiro livro abordaria um tema técnico, ligado a minha profissão.

Vieram os meus filhos e como forma de incentivá-los a ler, todas as noites, antes de dormirem, eu lia para eles. Quando cresceram mais um pouquinho, me pediam que eu inventasse histórias. Depois, queriam que eu as repetisse, porém eu não lembrava exatamente como as havia contado em noites anteriores e não os contentava. Resolvi começar a escrevê-las.

Certo dia, eu recebi uma correspondência interna falando sobre um concurso de contos da fundação de seguridade do qual sou associado. Eu precisava aprender a escrever contos. Busquei informações de como fazê-lo e arrisquei uma participação. Em 2012 tive o meu primeiro texto selecionado. Depois disso, outros foram selecionados para antologias impressas e digitais, todas resultantes de concursos e desafios literários.

Depois de escrever contos, surgiu o desafio de publicar um livro. Tentei incialmente o caminho dos concursos, sem sucesso. Assim, planejei uma publicação própria. Eu já havia preparado outros materiais. Pensava inicialmente em publicar um livro de contos. Fiz duas oficinas coordenadas por Marcelo Spalding, uma de criação literária e outra para escritores que querem publicar seus livros, busquei a parceria com a wwlivros e escolhi um dos materiais que possuía para publicação.

Como surgem suas ideias para escrever? Você tem uma hora do dia reservada para escrever ou a inspiração aparece de repente?

Os meus primeiros textos foram baseados em experiências pessoais, nas minhas memórias, principalmente de infância e adolescência. Depois comecei a desenvolver histórias de ficção. Tenho um pouco mais de facilidade para escrever quando há um tema proposto, porém as ideias para textos surgem nas observações do dia-a-dia, numa fala ouvida no corredor ou numa reportagem na TV. Considero-me um sonhador e imaginar mundos diferentes, vidas diferentes também servem de fonte de inspiração. Um dos exercícios que faço é me imaginar viajando no tempo, no passado ou no futuro, algumas vezes como expectador, em outras me coloco no lugar da personagem e tento pensar, sentir, agir como agiriam diante de alguns fatos reais ou fictícios. Se bem que na História nem sempre é fácil descobrir o que é real e o que é ficção, assim sempre é possível reconta-la.

Como tenho os meus compromissos profissionais, na empresa em que trabalho nos últimos 29 anos, não há como escrever durante o dia. Quando chego em casa preciso dedicar um pouco de atenção para minha família. Assim, escrevo quando possível e preciso exercitar muito a memória para não perder uma ideia, uma palavra chave. Se possível, quando surge a ideia, anoto no computador ou num pedaço de papel as principais cenas, e alguns possíveis desfechos. Enquanto isso, eu deixo o inconsciente trabalhando o tema. Ai, quando posso, despejo a ideia no computador, tento chegar ao que seria um possível ponto final do texto, no caso de um conto ou uma crônica. Prefiro redigir sob pressão. Normalmente faço isso nos momentos de maior estresse e escrever me traz algum conforto.

Fale um pouco sobre o seu primeiro livro "Histórias que as estrelas contam - um pouco de astronomia para adolescentes", como chegou a este tema?

A história deste livro é mais ou menos assim:certo dia minha filha chegou da escola falando sobre uma palestra, na feira cultural da escola, em que se contou a história de Órion e Ártemis. Ela me perguntou se eu conhecia e respondi que sim. Repeti a história para ela, um pouquinho diferente do que ela ouviu. À noite, mostrei para ela as estrelas da Constelação de Órion e não escapei de mostrar, mais tarde a constelação do Escorpião. No outro dia ela repetia a história para as amiguinhas e descrevia as estrelas no céu.

Quando garoto, eu era fascinado pelos programas da série Cosmos e sonhava em viajar pelo Universo. Uma frase de Carl Sagan ficou gravada em minha memória: “Somos todos feitos do mesmo pó de estrelas.” A astronomia me atraia, porém com os anos e as ocupações profissionais me distanciei e não procurei novas informações, até o dia em que participei de um curso de astronomia amadora com dois dos meus filhos. O material que o pessoal utilizava era muito bom, despertava muito a curiosidade das crianças e dos adultos também. Eu que sempre fui apaixonado pela Lua, voltei a observar o céu.

No final de 2013, quando eu já dedicava um pouco mais de tempo para escrever, estava na cozinha, em frente do computador, pensando no que eu poderia preparar para participar de um concurso de livros para crianças. Neste momento, minha esposa pedia para a minha filha que fosse até lá fora e sentasse no banco do jardim para tomar um pouco de sol. Argumentou que ela precisava fortalecer os ossos e ganhar uma corzinha.

Este diálogo, as minhas experiências, minhas fantasias e muita pesquisa, serviram de base para o desenvolvimento do texto, uma homenagem para a minha garotinha e para as demais pessoas da minha família. Também é uma forma de retribuição às pessoas que me ensinaram um pouquinho sobre astronomia, mitologia, física e tantas outras coisas.

Durante o desenvolvimento do trabalho contei com a ajuda de várias pessoas, em especial o apoio do Marcelo Spalding. A primeira versão do livro possuía uma linguagem um pouco complexa para crianças, porém conservava alguns termos mais infantis e no momento da leitura crítica fui aconselhado a adequar o texto para um público com um pouquinho mais de idade. Acredito que o texto interesse para adolescentes, porém deve agradar aos mais velhos também.

Para as crianças, penso numa nova versão. Uma artista da minha cidade, a Dona Maria Regina, preparou algumas aquarelas, lindas, que não usei neste livro e quem sabe possam fazer parte deste novo trabalho.

Como foi a experiência de escrever seu primeiro livro? Qual a parte mais difícil?

Foi um belo desafio. Escrevi vários trabalhos em paralelo e precisei decidir o que publicar, no que investir. O que todo escritor busca é um leitor disposto a ler o seu texto e uma má escolha pode fechar algumas portas. Quando se lê o texto de determinado autor e ele não agrada, dificilmente haverá uma segunda vez. Os reconhecimentos em concurso de contos e desafios literários serviram como incentivo, como mostra de que eu estava no caminho certo. Submeter o texto para uma leitura crítica, por alguém experiente, também foi decisivo para a escolha e para a adequação do texto ao público-alvo. Assim, para mim a parte mais difícil foi decidir o que publicar e optar pela publicação por conta própria.

Qual sua dica para quem quer escrever um livro e não sabe por onde começar?

Escrever um livro, como qualquer ação desenvolvida é uma questão de exercício e de aprendizado. Por mais que dominemos o assunto ou tenhamos uma ideia fantástica para a narrativa, a forma, a estrutura do texto precisa de cuidado. Acredito que um caminho mais seguro seja o de participação em oficinas de criação literária ou de orientação para interessados em publicar livros. Nelas podemos trocar experiências com pessoas que tiveram a oportunidade de aprender um pouco antes de nós e também com aqueles que estão no mesmo barco.  Mas se não tiver a oportunidade ou o tempo disponível para participar de alguma oficina, escreva muito, leia muito, pesquise muito e no mínimo encontre alguém para dividir os seus textos. Aceite críticas. Nunca abandone suas ideias.

Você já participou de várias antologias, a maioria com temas da História do Brasil, pretende escrever mais sobre este tema, quem sabe até publicar um livro de contos?

Nos últimos três anos eu escrevi pouco mais que uma centena de contos. Boa parte dos textos selecionados em concursos e desafios literários tinha relação com a História do Brasil. Também escrevi e tive textos selecionados voltados à ficção científica, por exemplo.  Procuro escrever sobre vários temas, em várias linhas. Não sei se alguma será predominante daqui para frente. Acredito que os meus leitores decidirão por mim na hora de escolher algo a publicar, porém continuarei buscando a diversidade. Contos são as minhas narrativas preferidas. Publicar um primeiro livro de contos é um de meus projetos.

Você tem projeto de lançar mais livros?  

Sim, pretendo. Além dos livros de contos, tenho um projeto praticamente finalizado para uma nova história destinada ao público infanto-juvenil e que também pode despertar lembranças para algumas pessoas mais experientes. Tem o nome provisório de “O maior anão, o menor gigante do mundo”.

Outra possibilidade é do lançamento de uma nova versão do livro “As histórias que as estrelas contam” para crianças, numa linguagem menos complexa.Tenho outros escritos, que participam de novos concursos ou dormem, esperando o momento certo para uma revisão e quem sabe uma publicação.

Acredito que de nada vale um aprendizado, um sentimento, se não puder ser compartilhado.

Quais livros marcaram sua vida?

Os primeiros livros que consegui com os meus méritos, vendendo livros de uma distribuidora, quando eu tinha onze anos de idade, foram de uma coleção de contos do Irmãos Grimm que eu não cansava de reler. Depois, os livros da Série Vaga-Lume eram os meus preferidos. Adorava, por exemplo, “O menino de asas” de Homero Homem ou as “Aventuras de Xisto” de Lúcia Machado de Almeida. Quando mais crescido, “O Perfume” de Patrick Süskind, “A metamorfose” de Franz Kafka, “Vinte Mil Léguas submarinas” e “A volta ao mundo em 80 dias”, ambos de Júlio Verne eram alguns de meus preferidos.Hoje em dia gosto dos livros de Dan Brown, e meu preferido é “Anjos e Demônios”. Se há algo que eu possa dizer que me arrependo nesta vida é de não ter lido mais e escrito mais cedo. Ainda há tempo, acredito, para recuperar o tempo perdido.


03/03/2015

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