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Entrevista

"Uma única professora, comprometida e bem informada, salva a leitura numa escola"
Marcelo Spalding, entrevista com Dilan Camargo

Muitos descobriram o poeta Dilan Camargo na Feira do Livro de Porto Alegre de 2015, quando o escritor foi escolhido patrono. Entre seus colegas de escrita, porém, Dilan é um amigo querido e um escritor admirado, um dos fundadores da Associação Gaúcha de Escritores, presença constante em projetos de leitura e autor eclético, com obras de poesia, letras de música, narrativas e peça de teatro. Nesta entrevista ele se mostra, além disso tudo, um pensador e um crítico propositivo sobre a leitura e o livro, com importantes reflexões sobre escola, mídias, Feiras do Livro, autores.

De onde surgiu a motivação para ser escritor, alguém o influenciou?

Na infância fui certamente influenciado pela minha mãe. Ela havia cursado até a 4ª série na escolinha rural em que meu avô lecionava, mas sabia poesias de Casemiro de Abreu de cor. Para me ajudar a superar a “língua travada” me ensinava a decorar quadrinhas. A existência de um escritor na família, Manoelito d’Ornellas, primo da minha mãe, também foi uma inspiração para mim. Na faculdade, tive um colega, o Jorge Pimentel, que me apresentou Cecília Meireles. Nesse encontro com Cecília, resolvi escrever com devoção e responsabilidade.

Você já escreveu poesias, contos, crônicas e músicas durante sua carreira como escritor. Você tem um gênero preferido para escrever?

Poesia. Já escrevi também uma peça de teatro dirigida por Carlos Carvalho, “A Casa da Suplicação”.  Começo a escrever um texto e logo ele vai se inclinando para uma linguagem poética. Tenho vários livros inéditos de poesia para crianças, jovens e adultos, como também letras de músicas. A poesia me arrebata. Tenho uma relação mais íntima com ela.

Você já publicou livros por diversas editoras e com modelos de negócios distintos. Qual foi sua melhor e sua pior experiência com editoras?

A melhor experiência é quando se é publicado pela primeira vez e isso devo à ex-editora Palmares, que editou meu primeiro livro individual de poesia para adultos “Na mesma voz”. E o primeiro livro para o público infantil foi publicado pelo Roque Jacoby na ex-editora Mercado Aberto, “O embrulho do Getúlio”, com parecer favorável de Regina Zilbermann. Nós, autores de literatura infanto-juvenil, estamos vivendo um momento desfavorável, de modo geral. Diminuíram o nosso percentual de direitos autorais de 10% sobre o preço de capa de um livro para 8%, 7% e até 5%. Já há autores saindo de editoras e publicando por conta própria. Hoje, qualquer pessoa pode editar um livro. O problema continua sendo a distribuição e a comercialização, dominadas pelo monopólio das mega livrarias. No final, o autor é o que menos recebe pelo seu trabalho de criação literária. É preciso mudar urgentemente essa conjuntura.

Que mudanças você acha que poderiam ser feitas nessa conjuntura e por quem?

O autor deve voltar a ser o centro do sistema editorial de um livro. Ele é o criador. Sem ele, nada se movimenta. E na atual conjuntura ele é o último. O que representa receber 5% ou no máximo 10% sobre o preço de capa de um livro vendido ao leitor? Qual o real controle que tem o autor sobre o verdadeiro número de livros impressos e vendidos? Os contratos para edição são, na verdade, contratos de adesão, e não um contrato entre partes iguais. Não há dúvidas de que existem editoras sérias e que elas respeitam o autor e o seus direitos autorais. Mas esta não é a única questão. O problema é o sistema editorial.

Nesta era da computação, qualquer pessoa pode formatar, projetar e imprimir um livro. Essa nova realidade rompeu com a dependência absoluta do autor em relação a uma editora. Veja-se a nova realidade do audiovisual em que já se produzem filmes com celulares. Muitos autores considerados consagrados e de grande público começam a questionar o sistema. Autores com leitores de massa, como Augusto Cury, Lygia Bojunga, entre outros, têm a sua própria editora. A mudança pecisa começar pelos autores, principalmente os estreantes, através de iniciativas individuais e associativas, como coopeativas de edição, de distribuição e de comercialização, para citar apenas um caminho. Já existem várias iniciativas nessa direção em várias cidades e regiões do país. São pequenos movimentos mas que indicam um novo sistema em formação. Sempre haverá o problema de escala. Há um longo caminho a ser percorrido, mas os primeiros passos estão sendo dados. 

Que cuidados você acha que um escritor iniciante deve ter antes de publicar seu livro por alguma editora?

Muitos cuidados. Ele precisa ter certeza de que não vai se arrepender por ter pressa de publicar. Um texto que é reescrito sempre se aproxima da excelência. E esse deve ser o compromisso ético do escritor consigo mesmo e com a sua escrita. Depois, deve se informar sobre o catálogo de livros publicados pela editora. Ela representa realmente o perfil de edições no qual gostaria de ver o seu livro? Deve se informar com outros escritores sobre o comportamento de editora em relação aos seus compromissos com os escritores. Cumpre o contrato? Bem, é preciso ter um contrato. Qual o tratamento que dispensa aos autores? Simplesmente publica e de um modo incompreensível não faz nada para comercializar o livro? Sempre é recomendável procurar uma entidade de escritores para ser orientado. Aqui no Rio Grande do Sul temos a Associação Gaúcha de Escritores, há mais de 30 anos representando os escritores.

Você participa há muitos anos de projetos de leitura, como o Autor Presente? De lá para cá, tem notado um aumento ou uma diminuição da procura das escolas e municípios por esse tipo de projeto?

Diria que não há diminuição e nem aumento. Há uma certa estabilidade. É claro que respondo pela minha experiência. A procura por autores é determinada pelos perfis que as escolas, feiras, e outros eventos buscam. Depende da informação e da preocupação dos organizadores e promotores. Isso varia muito. Há tanto a procura por aqueles que levam literatura-literatura mesmo, e pelos que levam outras atividades mais na linha de um entretenimento desvinculado do livro e da leitura. Uma única professora, comprometida e bem informada, salva a leitura numa escola. Por outro lado, há que registrar que o Poder Público, federal, estadual e municipal, passa por uma profunda crise fiscal. Os cortes de verbas atingem os programas de aquisição de livros para bibliotecas escolares e públicas como também os projetos de leitura, infelizmente.

Em 2015, você foi patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, algo marcante para a carreira de qualquer escritor. O que essa experiência lhe trouxe de aprendizado e qual seu sonho literário a partir de agora?

Aprendi muito com essa vivência. Conheci um pouco mais a nossa feira, por dentro dela mesmo. Uma das mais gratificantes descobertas é que a Feira do Livro de Porto Alegre forma novos leitores. Mais de um casal com um bebê no colo me falou que aquela era a primeira feira do filho e da filha. Isso significa que estavam assumindo um compromisso de levar seus filhos nas feiras do futuro e os estimulando à leitura. Outro aprendizado, mais realista, é que alguns autores deveriam resistir à vaidade de lançar seus livros na feira e procurar antes formar o seu grupo de leitores. Bem, o meu sonho literário é sempre o próximo poema, a próxima página. Escrever e escrever sempre um próximo livro. É procurar manter o compromisso com o lema latino “Nulla die sine línea”. Posso ainda dizer que meu sonho literário é escrever mais narrativa. Estou a caminho. O demais, vem por acréscimo.

Ao longo de seu patronato, você fez alguns comentários sobre a fraca cobertura da mídia para os autores locais. Poderia comentar um pouco sobre isso?

Acho que a chamada grande mídia não se interessa mais pela literatura e pelos autores, principalmente os locais. Penso que isso é uma omissão grave e uma perversão jornalística. Atualmente só interessa o que for bizarro, esquisito, excêntrico. Preferem mais autores-personagens que gerem a neonotícia, e não a obra em si, os factóides da pós-modernidade, a graça-sem-graça de uma literatura feita entre amigos. O Rio Grande do Sul tem autores importantes, em todos os níveis da produção literária, mas o nosso provincianismo prefere babar para os chamados autores do centro do país, importantes também, sem dúvida, mas porque dão mais prestígio à nossa imprensa periférica A nossa imprensa local, com as honrosas exceções, é colonizada por Rio e São Paulo. É fácil fazer jornalismo com matérias sobre nomes nacionais já consagrados por público e crítica nas artes e na literatura e não assumir o compromisso e a coragem de descobrir e revelar novos valores. Na linguagem dos economistas, essa omissão não agrega nem mesmo valor econômico à cultura do nosso Estado.

Você, aliás, tem um dos melhores programas para autores gaúchos, o Autores e Livros, da TV Assembleia. Qual a repercussão do programa?

Apresento o programa há mais de dez anos no regime de voluntariado. Produzo e apresento sem receber remuneração. Até agora, tenho o apoio e o reconhecimento da TV. Uma das alegrias que ele já me proporcionou foi o prêmio da Associação Gaúcha de Escritores, “Parceiros da Escrita”, em 2012. Costumo repetir o bordão “Certamente, este não é o programa mais visto, mas bem visto”. É uma síntese das reais possibilidades de um programa sobre autores e livros num canal de TV pública. Como o programa pode ser visto pelo canal 16 da NET e pela internet, e com várias reprises, os próprios autores mobilizam os seus públicos. Cada entrevistado recebe uma cópia gravada do programa que vai para o seu acervo. Muitos autores disponibilizam o conteúdo no You Tube. Eu diria que é uma repercussão restrita, mas de qualidade. Além disso, há um estudo para reunir todos os programas e colocá-los à disposição de bibliotecas públicas. Os autores podem falar por meia hora sobre as suas trajetórias e suas obras. É uma pequena janela, mas sempre aberta.

Em relação às Feiras do Livro de cidades menores, não lhe parece que aos poucos elas têm se tornado mais feiras de entretenimento e cultura geral, com shows, teatros, etc, do que exatamente eventos que promovam a leitura e a literatura?

Infelizmente, em alguns casos, isso acontece. Até pelo fato de que uma feira do livro, às vezes, é o único evento cultural de uma cidade pequena. Muitas ainda confundem a atividade de um escritor como um espetáculo de massa, em espaços abertos, geralmente em palcos de praças da cidade. Costumo chamar isso de “comício literário”. Nem todos os autores sentem-se à vontade numa situação dessas. É muito difícil manter a atenção do público num espaço com múltiplas interferências, inclusive de vendedores, transeuntes distraídos e até de bêbados. Já vivi uma situação em que um destes participou como “animador” da minha conversa com o público. E o que dizer então das músicas veiculadas no ambiente? Muitas vezes já pedi que trocassem a “poluição sonora” por músicas adequadas ao público infantil. Felizmente, há cidades de porte médio que já realizam as suas feiras mantendo-as voltadas unicamente para o livro e a leitura, organizadas por pessoas capacitadas e comprometidas com a educação, a cultura, o livro, a leitura, com uma programação e ambiente realmente de uma feira do livro.

Além de escritor, você trabalhou muitos anos com a política e também com a educação. De que forma você vê a educação pública hoje? E de que forma as escolas valorizam – ou não – a leitura?

O nosso sistema educacional se esgotou na sua capacidade de formar e de ensinar. Fatores sociais, materiais, baixa remuneração do magistério, sufocam as escolas e a sua capacidade educadora. O populismo pedagógico, que subestima a capacidade de aprender das crianças e dos jovens pobres também é um dos fatores. É um grave equívoco considerar que uma criança, por exemplo, só será capaz de ser alfabetizada com 8 ou 9 anos. As crianças são capazes, sim. Outro equívoco, como já aconteceu, é considerar como um saber válido o texto de uma redação em que o aluno, por falta de argumentos, transcreve o hino do seu time de futebol. Outra distorção grave do nosso sistema, que contamina a aprendizagem dos alunos no Ensino Médio, é o tipo de provas dos vestibulares. Para ser aprovado, basta ser treinado num texto de vinte linhas e saber escrever uma única letra, um “O” em torno de uma letra das chamadas questões de múltipla escolha. Esse tipo de prova não exige conhecimento, mas treinamento. Pergunto-me como pode ser avaliada a capacidade de interpretação de um texto literário se ela estiver limitada a escolher uma única resposta considerada “certa”, e previamente imposta por outra pessoa? Que interpretação é essa se o aluno não precisa e nem pode dissertar sobre ela?

Sobre a leitura. Temos falado e muito sobre a necessidade de leitura, principalmente na escola, mas feito pouco. Esquecemos que antes da escola este é um dever cultural dos pais. É um dever, sim. Em algumas, escolas, poucas ainda, o processo de formação de leitores através da leitura diária já é uma rotina prazerosa para as crianças e jovens. Noutras, existem práticas passageiras e não permanentes. Em algumas, não existem, não sabem como fazer, ou até são vistas como “excesso de trabalho”, porque quase sempre são consideradas extracurriculares... Digo:” Quem lê cria a própria história”. E para as crianças, digo sempre: “Leitura e rapadura fazem bem a toda criatura. / Mais leitura que rapadura / para não ter cárie nos dentes / nem quebrar a dentadura”.

Para finalizar, indique um livro para os leitores do Portal Artistas Gaúchos.

Para as crianças, “Ou isto ou aquilo” da Cecília Meireles. Para os jovens, “Contos de imaginação e mistério, de Edgar Alann Poe. Para os adultos, um clássico, “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis.


A série de entrevistas com escritores do Artistas Gaúchos, realizadas em parceria com a Metamorfose Cursos, têm o objetivo de refletir sobre o fazer literário e o mercado editorial gaúcho, buscando ao longo do ano conversar com nomes de experiências e visões distintas sobre o meio.


05/02/2016

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Comentários:

Iniciei meu sábado cheia de graças lendo a entrevista que Marcelo Spalding, jornalista e escritor, fez com Dilan Camargo, escritor Patrono da Feira do Livro de 2015. E respondo ao deus dará conforme leio. Jamais gostei do "EX". Neste exemplo: Ex-Editora Palmarinca; Ex-Editora Marcado Aberto. E está ai a dor. Parece que as portas se fecham e isto é triste. O escritor , eu mera escritora, e como os que escrevem que criam, lavram a palavra, trabalham exaustivamente e e nada ganham. Pagamos o ônus de nos atrevermos a ser escritores e ter a audácia de querer deixar para o futuro o êxtase da boa literatura. Dia desse dei de presente um livro de poemas para uma pessoa e pasmem com que ela me disse: Perdes teu tempo, tenho coisas mais importantes para ler. Poesia? Coisa banal. Senti o efeito de um tapa na cara, depois pensei: que baita atestado de ignorância. Pedi o livro de volta e a pessoa sem nenhum pejo, sem constrangimento devolveu-me. Nesta entrevista o escritor Dilan Camargo fala com propriedade sobre o sistema editorial, eu comungo com ele. Não sou estreante, mas tenho muito que aprender e apendi muito com Dilan Camargo Patrono da Feira do Livro de 2015. Não coloco, o que escrevo na Feira do Livro porque respeito o que ele diz aqui: Procure antes formar seu grupo de escritores. Recebi e me senti honrada ao estar presente em "Autores e Livros na TV Assembléia" e como diz Dilan, não é o programa mais visto, mas o bem visto. À pequena janela Dilan, eu diria ,como uma proposta, colocar um programa sobre nossos escritores em imagens passando para deguste dos frequentadores das grandes livrarias de nossa cidade. Trocando imagem após imagem como fazem com certas notícias. Teria muito mais a dizer mas finalizo dizendo que esta entrevista não poder deixar de ser lida. Quando perguntado sobre...Dilan respondeu: O próximo livro, a próxima página.E nos motiva a escrever minicontos diários. Bravo DILAN CAMARGO pelos teus valores, pela pessoa que és e eu merecer tua amizade. Ivanise Mantovani
Ivanise Mantovani, Poorto Alegre/RS 06/02/2016 - 11:52
RECEITA CONTRA CANALHAS “Leve histórias para o povo Para que possa aprender E eu, um simples poeta, Garanto que com saber Quando ele se educar Na certa não vão sobrar Tais canalhas no poder. Sem educação política E o seu saber profundo, Sem esse nauta que abre As vagas no mar fecundo, Estarão lá no poder Os lobos que a meu ver Não irão mudar o mundo.”
Medeiros Braga, João Pessoa PB 06/02/2016 - 09:41
O amor pela leitura certamente vem de casa. Mas, nem tudo está perdido. Há excelentes professores e diretoras de escolas públicas tentando ensinar o pensar, o saber ler e interpretar. Os gaúchos sempre foram considerados "empenhados" na cultura e na política. Bom seria se o poder público também incentivasse os multiplicadores literários concedendo verbas para esse único fim. As letras estão no ar. Basta alguém gostar delas para que as palavras apareçam e se tornem frases interessantes de se ler. Eu sugeria a adoção do mote do nosso Patrono da Feira do Livro: que todo dia seja escrita uma linha. O resto vem por si. O amor pela leitura não se compra no boteco da esquina. Ele também pode iniciar um dia qualquer. Basta darmos o exemplo. Dilan Camargo é um deles. Um ótimo exemplo para ser seguido.
Denise Argemi, Porto Alegre - RS 06/02/2016 - 06:40
Por indicação de uma amiga cheguei ao site e tive a felicidade de ler a entrevista com Dilan Camargo, uma voz sensata e apaixonada pela literatura. Quando definiu o seu sonho literário como o "próximo poema, a próxima página", achei incrível. Penso que é assim mesmo, o maior sonho nosso é a próxima produção. Parabéns ao site e a Dilan Camargo!
JAIR SIMÃO, São Paulo - SP 05/02/2016 - 22:12

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  Marcelo Spalding

Marcelo Spalding é professor, escritor com 8 livros individuais, editor de mais de 80 livros e jornalista. É pós-doutor em Escrita Criativa pela PUCRS, doutor em Literatura Comparada pela UFRGS, mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS e formado em Jornalismo e Letras.

marcelo@marcelospalding.com
www.marcelospalding.com
www.facebook.com/marcelo.spalding


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