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Teatro

Quem é médico e quem é louco no reino do Rei da Escória?
Roberto Magalhães Jr.


O que é a normalidade? O que é a loucura? O que torna alguém clinicamente capaz ou incapaz de conviver livremente na sociedade? Será que a loucura é um estado de espírito ou uma condição? Com texto e direção de Júlio Conte, “O Rei da Escória”, em curta temporada no Porto Verão Alegre, mostrou o olhar diferenciado de um jovem médico que, em busca de respostas, guia um de seus pacientes na difícil jornada de retornar ao lugar de onde veio. Desacreditado pelos próprios colegas de profissão e julgado pela sociedade, ele segue seus instintos, nem sempre embasados em teorias médicas. Escutando seu coração, conduz o encontro de seu paciente, denominado inicialmente como “X” até o local de onde há muito saiu sem deixar claro como ou por quê.

Durante esta jornada, supostamente simples, o médico percebe que talvez exista muito mais na alma de seu paciente do que ele, a enfermeira ou qualquer outro possa compreender. Guiados por algumas informações, seguem em busca de respostas para as perguntas ainda desconhecidas; são levados a pessoas, histórias e aos poucos vão preenchendo lacunas que auxiliam o médico a entender um pouco da alma de seu paciente. O desconhecido “paciente X” se torna Reinaldo; sobrinho, primo, amigo, ex-marido e pai.

O protagonista oscila entre os paralelos o tempo todo. É difícil entender em quais momentos ele volta a ser Reinaldo, e quais momentos, de fato, ele deixa de ser X - O Rei da Escória -, o certo é que um habita no outro. Dentro do Hospital Psiquiátrico ele é um rei, pois a loucura existente naquele lugar o torna o mais são dos loucos. A tentativa de trazer de volta a realidade alguém que há muito se perdeu dentro de si mesmo é questionável, mas leva a pensar quem é normal em um mundo onde as pessoas são rotuladas desde o momento em que nascem até o momento em que morrem.

O cenário é simples, composto apenas por alguns objetos de cena e um telão, onde são projetadas imagens que situam o espectador, tornando o espetáculo perturbador, emocionante e real. A loucura é tratada de forma despretensiosa e crua. Não é a nudez que desconcerta, e sim saber que a história é baseada em fatos reais, saber que toda aquela dor, angustia e solidão, competentemente interpretados por Cíntia Ferrer, Érico Ramos, Felipe de Paula, Júlio Conte, Juliana Brondani, Leonardo Barison, Márcia Ohlson, faz parte do dia-a-dia de muitos, talvez “muitos” mais do que imaginamos.

O que tornou Reinaldo o “Rei da Escória” é o mesmo que torna muitos cidadãos normais a serem incompreendidos e isolados: o medo de aceitar situações, entender problemas e principalmente, superá-los.

21/02/2008

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